Como sempre acontece nos anos eleitorais, o primeiro debate da Band é uma espécie de começo oficial da campanha.
Campanhas são sempre ameaçadas por outros grandes temas. Nas presidenciais, há a Copa do Mundo. Nesta campanha municipal, a Olimpíada acrescida de um júri histórico: o do mensalão. Assisti ao debate no Rio e alguns momentos do confronto em São Paulo, transmitido pela Band News.
No do Rio, alguns candidatos mencionaram de passagem o mensalão. Mas, ao contrário do que esperava, não se concentraram nos grandes eventos, principalmente a Olimpíada.
O que fazer ainda para a Olimpíada, como foi a largada para as obras, os grandes problemas do teto do Maracanã, as hesitações em torno do velódromo, tudo isso merecia um exame.
Campanhas municipais costumam ser mais empolgantes que as nacionais. A de São Paulo tende a ocupar mais espaço por causa do investimento dos dois maiores partidos: PT e PSDB. Mas o debate em todas as grandes cidades tem muito a ensinar. No de Curitiba, esgotado o modelo de transporte implantado por Jaime Lerner, o tema central foi o metrô. Por mais que os ônibus tenham cumprido seu papel, o transporte sobre trilhos foi citado não só lá, como no Rio e em São Paulo.
Um tema que merecia destaque foi apenas mencionado no Rio de Janeiro: a economia criativa. Em certos momentos, foi identificada com a internet. Mas é algo mais do que isso. A economia criativa é a reinvenção da cidade, a partir de suas próprias vocações. A ocupação de um espaço perdido, como se fez em Londres para construir as instalações olímpicas, é um exemplo de economia criativa.
A economia criativa, de um modo geral, é impulsionada também pela cultura e pela produção de bens imateriais. Cidades como Paraty encontraram um caminho de crescimento, através de um evento literário, a FLIP. Com o declínio da produção industrial nos centros urbanos, as grandes metrópoles foram forçadas a se reinventar. Um exemplo bem sucedido é Barcelona.
Existem problemas importantes, como transporte, educação e saneamento, que os candidatos não podem deixar de abordar. Mas esperava do debate inicial um pouco mais de previsão do futuro, de visão estratégica sobre as grandes cidades brasileiras.
Uma esperança que não deveria se concentrar num primeiro debate. Ele serve muito para que as pessoas se apresentem e falem de suas qualidades. Tudo isso é natural no começo.
A complexidade dos problemas metropolitanos cada vez aumenta mais. Ela é superior à inteligência de uma equipe de governo.
Os tempos modernos oferecem, através da informática, meios poderosos de gestão. Não só pela tecnologia em si, mas pela possibilidade que ela traz de se usar a inteligência coletiva e de consultar rapidamente os moradores antes de uma decisão.
FONTE: JORNAL METRO - RIO
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