Ao receber a imprensa no Planalto, Dilma diz que o País "deve muito" à sigla; sobre 2014, ela diz que não fala "nem amarrada"
BRASÍLIA - Dez dias após o término do julgai mento do mensalão, a presidente Dilma Rousseff disse que "o PT não é perfeito" e afirmou não haver crise entre os poderes por causa da condenação de réus petistas. Em café da manhã com jornalistas, ontem, no Palácio do Planalto, a presidente evitou temas polêmicos e avisou que não comenta a possibilidade de reeleição "nem amarrada".
A presidente se recusou a emitir opinião sobre o julgamento do mensalão e, apesar de insinuar que podem ter ocorrido erros por parte de petistas, defendeu o partido. "Eu acho que o PT ; é um dos grandes produtos da : democratização do Brasil. Como qualquer obra humana, não é perfeito, mas deu e dá grandes I contribuições ao País. O Brasil. deve muito a tudo o que o PT fez", afirmou ela.
Filiada ao PT desde 2001, Dilma é pré-candidata à reeleição, em 2014, e o tema mensalão sempre foi proibido no Palácio do Planalto para evitar que a agenda negativa contamine o governo. Na manhã de ontem, apesar : da insistência dos repórteres, ela repetiu que não comenta o julgamento. "Eu posso concordar ou discordar, mas não me manifesto. Isso não contribui para a governabilidade", insistiu.
Questionada sobre um possível segundo mandato, a presidente recorreu a uma expressão de quando era ministra da Casa Civil e não queria confirmar a candidatura para suceder o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Eu não respondo isso nem amarrada", afirmou. Uma jornalista perguntou, então, sobre a possível volta de Lula em 2014. "Não falo sobre sucessão presidencial no meio do meu governo. Não vou antecipar o fim do meu mandato. Isso não é politicamente necessário", reagiu. "Pretendo governar com absoluto empenho até dezembro de 2014, como se estivesse no início do governo."
STF. Dilma garantiu não se arrepender de ter nomeado o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, que condenou os acusados do PT. "Não me arrependo de nada. Estou muito velha para isso", disse a presidente, ao lembrar que completou 65 anos, no último dia 14. "A gente só se arrepende quando é nova."
Dirigentes do PT e até o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, contaram que, antes de ser nomeado, Fux os procurou em busca de apoio e assegurou não haver provas no processo para condenar os petistas acusados de comprar apoio no Congresso, no primeiro mandato de Lula. "Eu mato no peito", afirmou Fux, na ocasião. Após chegar ao Supremo, porém, Fux condenou José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha.
Dilma alegou que o Supremo tem autonomia e que o respeito aos três poderes é a "pedra basilar" da democracia. "Depois que ; são indicados, os ministros (do STF) têm a autonomia pregada por Montesquieu", argumentou, numa referência ao escritor francês Charles de Montesquieu, formulador da teoria da separação dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário./V.R. e T.M.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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