Para o governador paulista, senador não precisa controlar o partido para viabilizar sua candidatura à Presidência
A escolha de Aécio para presidir a sigla é considerada essencial por seus aliados; FHC tenta apaziguar tensões
Daniela Lima
SÃO PAULO - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse ao senador mineiro Aécio Neves que discorda do seu projeto de assumir o controle do PSDB neste ano para preparar o lançamento de sua candidatura presidencial em 2014.
Na terça passada, Alckmin manifestou sua discordância num jantar no apartamento de Aécio em Brasília, na frente de outros cinco governadores tucanos e dos principais dirigentes da sigla.
Alckmin afirmou que Aécio "não precisaria" presidir o PSDB para se viabilizar e sugeriu que a projeção que ele ganharia no cargo seria prejudicial para suas aspirações, ao colocá-lo em atrito permanente com o governo.
Nenhum outro governador concordou com Alckmin durante o jantar, mas o episódio serviu para expor aos as dificuldades que Aécio encontra para unir o partido em torno de seu projeto político.
A escolha de Aécio como presidente do PSDB é considerada por seus aliados uma etapa essencial desse projeto, e nos próximos dias eles farão uma nova ofensiva para tentar vencer as resistências dos tucanos paulistas.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o mais entusiasmado cabo eleitoral de Aécio dentro do partido, marcou um encontro com Alckmin neste fim de semana.
Aliados do governador estão incomodados com a centralização das decisões no PSDB por aliados de Aécio e dizem que Alckmin gostaria de ser consultado antes que a sigla definisse sua estratégia.
Fator Serra
Fernando Henrique quer ouvir os argumentos de Alckmin e vai pedir sua ajuda para apaziguar as relações de Aécio com o ex-governador José Serra, um antigo desafeto do senador mineiro.
Aécio tem procurado ampliar os contatos com o PSDB paulista e ligou para Serra na quarta. Ele esperava encontrar Serra num evento partidário no dia 25 na capital paulista, mas Serra mandou avisar que estará fora do país. Combinaram um encontro em São Paulo nesta semana. A convenção nacional do PSDB será dia 19 de maio.
Embora tenha sido derrotado nas duas eleições presidenciais que disputou e tenha sofrido outro revés na corrida à Prefeitura de São Paulo no ano passado, Serra preocupa os aliados de Aécio pelo estrago que pode causar.
Aliados de Serra dizem que ele não apoiará a candidatura de Aécio e poderá até sair do PSDB se seu grupo não ganhar cargos no partido. O isolamento poderia levar Serra a trocar o PSDB pelo PPS, sigla que o apoiou em eleições anteriores e agora aponta para a possibilidade de embarcar na caravana do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).
Na semana passada, Serra disse a interlocutores que não pretende negociar cargos em troca de apoio a Aécio e que é "pequena" a chance de deixar o PSDB. Reservadamente, diz estar impressionado com a articulação de Campos.
Em nota ontem, ele negou que tenha feito "comentários desairosos" a Aécio e exigido a presidência do partido. Disse que não faz "escambo político" e afirmou que "inexistem 'serristas' para interpretar meus anseios".
Fonte: Folha de S. Paulo
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