Dilma fechou, nestes dois anos, um círculo nada virtuoso no Ministério do Trabalho. Rodou, rodou e voltou para o mesmo lugar.
Ao assumir o governo, nomeou para o Trabalho o chefão do PDT, Carlos Lupi. Quando umas histórias do ministro com ONGs vieram à tona, ela já surfava na onda da "faxina" e despachou Lupi de volta para a praia.
Depois de meses de interinidade, quando ninguém dava mais bola para o ministério, Dilma decidiu conter preventivamente protestos de sindicalistas contra a falta de ministro e anunciou o sucessor, Brizola Neto, na véspera do Dia do Trabalho de 2012.
Agora, menos de um ano depois, lá se vai Brizola Neto e Dilma volta à estaca zero, nomeando mi-nistro o secretário-geral do PDT, Manoel Dias, que é ligado a... Carlos Lupi, o "faxinado".
Há duas questões aí. A mais evidente é que Dilma quer o apoio do PDT -aliás, seu velho partido- em 2014. E quem manda no PDT é Lupi, não Brizola. Outra é que, cá pra nós, Brizola Neto não foi nenhuma maravilha como ministro.
Seria uma indelicadeza dizer que já vai tarde, mas não é exagero reconhecer que chegou cedo demais.
Ao ser nomeado, era o mais novo dos então 38 ministros, não tinha uma formação excepcional, não unia o próprio PDT e enfrentava resistências nas centrais sindicais.
Então, por que foi escolhido? E eu é que sei? Só sei que as duas credenciais do moço eram o sobrenome famoso, identificado com o trabalhismo muito antes do surgimento do Partido dos Trabalhadores, e um blog apropriadamente chamado de "Tijolaço", pelo qual ele xingava tudo, todos e todas que ousassem criticar o governo -sobretudo o de Lula.
Sai Brizola Neto, chega Manoel Dias (ou volta Lupi), mas nada, de fato, muda. O Ministério do Trabalho, coitado, anda tão ou quase tão desprestigiado quanto a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Qualquer um serve.
Fonte: Folha de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário