Líder do PSB fala com empresários sobre eleição de 2014 e critica de forma cautelosa o governo Dilma Rousseff
André Pires
Eduardo Campos, governador de Pernambuco e possível candidato à presidência em 2014, falou a uma platéia de empresários em São Paulo e recebeu deles adjetivos bastante favoráveis. “Calmo”. “Sereno”, afirmaram . Após quase três horas debate-papo, o líder do PSB garantiu que a presença no evento não era uma ação eleitoral, mas reconheceu que é inevitável o questionamento sobre sua candidatura. “Respondo para os empresários da mesma forma que para vocês (jornalistas).
Sobre 2014, vamos decidir só em 2014 como debate democrático dentro do partido e comas forças políticas que temos afinidade”, afirmou Campos, que apesar de não oficializar seu nome na disputa, já adota o tom de candidato, em suas falas. Sem grande destaque nas pesquisas eleitorais feitas até o momento, o governador garante não estar preocupado com a possibilidade de perder força política caso saia fracassado das urnas. “Mais importante do que minha pessoa é saber qual o país que vai estar em disputa”, destaca. E, com as manifestações populares pautando a discussão política e pedindo renovação política, Campos aponta a necessidade de mudanças
No Executivo. “É melhor ousar e colocar alguém que tenha identidade como que está aí na sociedade brasileira do que apostar nas velhas alternativas que me parecem ter grande dificuldade em 2014”, alfineta. O discurso de Campos pode ser classificado como uma oposição sutil ao governo Dilma Rousseff. Por fazer parte da base governista, que teve participação mais intensa na gestão de Lula, ele faz críticas veladas à antecipação do debate político e aos rumos econômicos do país. “O Brasil precisa pensar além da próxima eleição, tem que pensar na próxima geração. Pensar em uma reforma que nos garanta espaço para crescimento com distribuição de renda e melhoria do padrão de produtividade”, critica.
Na opinião de Campos, o Brasil precisa repensar sua agenda para fazer frente à crise mundial. Faltando apenas quatro meses para o fim de 2013, ele considera que os resultados econômicos não serão positivos no fechamento do ano, mas que é preciso unir forças para evitar que o próximo presidente encontre um país ainda com estrutura para crescer. “Não deveríamos pautar eleição neste ano porque era preciso garantir um ambiente de convergência para fazer o ano ser positivo. Não será um ano de êxitos no ponto de vista econômico e de conquistas. Todos temos que ser responsáveis e ajudar para não perder o ano”, diz. Aliado e amigo do ex-presidente Lula, Campos confirma que tem conversado com o petista. “Quando ele vê a necessidade de falar comigo, falamos.
Quando eu também vejo, eu o procuro. Falei com ele esses dias”, revelou. Estas conversas como líder petista e a posição de alguns aliados dentro do PSB, de declararem apoio à reeleição de Dilma podem ser um sinal de recuo de Campos, prevendo um embate mais tranquilo em 2018. Surpreendido coma falado governador de Pernambuco, o empresário Romeu Chap Chap, coordenador do Núcleo de Altos Temas (NAT) do Secovi-SP, destacou a boa visão de gestão pública de Campos. “Ele fez vestibular. Foi ministro, governador, chefe de gabinete”, analisou. No entanto, temendo uma falta de maturidade de jovens candidatos, Chap lembrou de Fernando Collor e Jânio Quadros.
Diante disso, disse que o sentimento do empresariado do ramo imobiliário sobre a possível candidatura de Campos é que talvez ainda seja cedo para tentar a presidência. “É um cara preparado, masque estará preparado mesmo daqui a seis anos. É um candidato para 2018.” Além das análises nacionais, Campos destacou a importância do PSB fincar sua força na discussão política de 2014. “Vamos contribuir com ideias”, enfatizou,deixando claro que o partido quer ser protagonista, mesmo se desistir de uma candidatura própria.
Essa posição vale também para os embates eleitorais nos estados. No Rio de Janeiro, onde há uma divisão plural sobre os rumos que o PSB deve tomar na eleição de 2014, o debate promete ser acalourado. Há várias correntes dentro do partido. Uma que defende uma aliança com o PMDB para apoiar a candidatura de Luiz Pezão (PMDB), outra que prefere um acordo com Lindbergh Farias (PT), que teria uma proximidade com prefeitos do partido.
Há ainda aqueles que pensam em uma aproximação com o PDT e outros que sonham com uma candidatura própria, coma liderança de José Gomes Temporão. “Existem várias posições no debate. Não vamos interferir. Tem que ter o tempo de discussão. É natural e salutar. O partido vem crescendo muito. Quando você não tem um bom candidato, pode apoiar um bom candidato de uma legenda com identidade programática parecida”, disse Campos, posicionando-se no centro do debate da eleição de 2014.
Fonte: Brasil Econômico
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