Em busca de apoio em SP, Aécio vai lembrar início da campanha das Diretas
Marcelo Portela
BELO HORIZONTE - Uma reunião histórica na estância mineira de Poços de Caldas, há exatos 30 anos, é a fonte de inspiração do senador Aécio Neves (MG) para encorpar seu projeto eleitoral e ganhar forças para disputar a Presidência no ano que vem.
No próximo dia 18, o provável candidato do PSDB ao Planalto promove a "Conversa com os Mineiros" - evento para o qual estão convidados os governadores tucanos Antonio Anastasia (MG) e Geraldo Alckmin (SP), além de outras altas lideranças do partido. Foi ali mesmo, em Poços, que em 19 de novembro de 1983 os governadores Franco Montoro (PMDB-SP) e Tancredo Neves (PMDB-MG) assinaram a chamada Declaração de Poços de Caldas.
O documento, apoiado então numa poderosa aliança política dos dois Estados, desembocou na deflagração da campanha Diretas Já. E, assim como ele abriu caminho para a redemocratização do País - que veio dois anos depois -, Aécio pretende juntar de novo as forças eleitorais de paulistas e mineiros para brigar sério pela volta do PSDB ao Planalto. É um simbolismo que vem de longe. Já na República Velha, São Paulo e Minas comandaram a célebre "política do café com leite", que por quatro décadas comandou a vida política nacional.
O documento de Tancredo e Montoro propunha engajar governadores e congressistas em um projeto "suprapartidário", para trazer de volta a democracia ao País. Dois anos depois, Tancredo era eleito indiretamente pelo Colégio Eleitoral. Era o adeus ao regime militar.
"Esse evento de 1983 teve grande significado. Levou à reunião de todos os governadores do PMDB convocada por Franco Montoro, que depois resultou na campanha pelas Diretas", lembrou o ex-ministro Almino Affonso, hoje presidente do conselho curador da Fundação Memorial da América Latina. Almino era na época secretário do governo Montoro.
"Queremos fazer a Declaração de Poços de Caldas 30 anos depois para mudar novamente", emendou o presidente do PSDB mineiro, deputado federal Marcus Pestana.
Coincidências. Presente em Poços de Caldas em 1983, o então deputado federal - hoje deputado estadual - Carlos Mosconi (PSDB) vê muitas "coincidências" entre os dois momentos. "Aquele representava a união dos interesses de Minas e São Paulo. Hoje também há união de interesses", resumiu. "Após a assinatura do documento, Tancredo foi eleito presidente. Hoje, é o neto dele que pode ser (eleito)", completou. "As coisas caminham para a união de todo o PSDB", afirma Mosconi - menção à integração de Serra no projeto. "Que se comece por esse evento a criar a coesão", disse Almino Affonso.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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