Lula, Padilha e o PT estão sendo muito afoitos ao condenar a atuação política do prefeito Fernando Haddad como um desastre.
Ok, é verdade que ele está com o ônus político e sem o bônus financeiro do aumento do IPTU. Mas a percepção sobre a guerra contra fraudes da gestão Kassab pode ter uma reviravolta a favor de Haddad.
Se essa guerra assusta e afugente forças aliadas e dá pretexto a Kassab para pular do barco petista, de outro lado, gera uma expectativa positiva na população paulistana e atrai a aprovação nacional ao mexer num vespeiro intocado: o de licenças, habite-se, alvarás, certidões.
Quem já não vivenciou ou ouviu falar de alvarás de construção ou de funcionamento que só saem na marra --ou melhor, na base da propina? Ocorre em São Paulo, Distrito Federal, Rio, Minas, Rondônia, Paraná... Nenhum escapa.
À mercê de fiscais, auditores e burocratas, cidadãos e empresas muitas vezes ficam ensanduichados num dilema: se pagam, entram na dança da corrupção; se não pagam, correm o risco de não concluir uma casa, ou de não abrir um negócio.
Agora mesmo, as revelações em São Paulo, a implosão de um esquema no DF, envolvendo até um ex-vice governador, e o incêndio iniciado numa academia no centro de São Paulo, todos têm a mesma origem: alvarás e certidões --ou a falta deles.
Isso sem falar na boate Kiss, de Santa Maria (RS), onde mais de 240 jovens morreram em janeiro. As responsabilidades são difusas, mas a culpa do alvará é inegável. Aquilo era uma arapuca assassina, como se viu. Mas funcionava...
Quantos empresários molham a mão de agentes do Estado para abrir Kisses por aí? E quantas funcionam sem alvará e sem fiscalização?
A ação de Haddad pode não ser lá muito política, mas é corajosa e popular. Na matemática eleitoral, a troca parece compensar: um PSD por um forte apoio popular. Se Lula, Padilha e o PT deixarem.
Fonte: Folha de S. Paulo
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