• Para os dois, fim da reeleição daria fim à mistura de público e privado
Maria Lima – O Globo
BRASÍLIA - Os candidatos à Presidência da República, Aécio Neves (PSDB), Eduardo Campos (PSB) e Pastor Everaldo (PSC) reagiram ontem contra o uso de técnicos do governo federal pela campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff. Reportagem publicada ontem pelo GLOBO revelou que servidores da Receita Federal, do Tesouro e da estrutura dos ministérios da Fazenda e de Minas e Energia foram orientados a se prepararem para o debate eleitoral que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) realiza hoje com os presidenciáveis. Aécio disse que a mistura do público com o privado pelo governo petista reforça sua convicção de que o instituto da reeleição, aprovado no governo Fernando Henrique Cardoso, tem que acabar.
Para o tucano, colocar técnicos do governo para trabalhar na campanha eleitoral é mais uma demonstração dos abusos já praticados pelos ministros, que antes só atuavam fora do horário do expediente, mas hoje fazem campanha "full time". Para Aécio, os "desatinos" praticados pelo PT nos últimos anos aconteceram porque "quem tinha que dar o exemplo", referindo-se à presidente Dilma, não deu.
- Isso só fortalece a tese do fim da reeleição. Se antes eu já tinha muitas dúvidas sobre a reeleição, esse tipo de ação do governo e do PT ajuda a desmoralizar o instituto da reeleição - criticou Aécio.
Pastor Everaldo reclama
Eduardo Campos também apontou o fim da reeleição como solução para evitar situações como o uso de técnicos do governo na campanha:
- É por isso que nós, eu e Marina, somos a favor da reforma política. Com eleição de cinco em cinco anos e sem reeleição, não aconteceriam essas ambiguidades.
O candidato do PSC, Pastor Everaldo, considerou um "abuso" o fato da presidente se utilizar de servidores ou de outro tipo de recursos públicos para benefício pessoal e eleitoral.
- Se a sociedade ou os órgãos de fiscalização eleitoral não reagirem a ilegalidades desse tipo, estaremos abrindo um precedente perigoso e transmitindo um péssimo exemplo à população - alertou Pastor Everaldo.
O presidenciável tucano disse que essa campanha será a mais judicializada da história justamente porque o PT não separa o público do privado nas campanhas eleitorais. Ele anunciou que o PSDB estuda entrar com ação jurídica contra o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que teria atuado junto com o advogado geral da União, Luiz Inácio Adams, para adiar a votação do parecer sobre Pasadena no Tribunal de Contas da União, para evitar desgaste da presidente Dilma durante a campanha.
- Isso é algo absolutamente grave - comentou Aécio.
O tucano chegou ontem a Brasília para se preparar para a sabatina na CNI. Ele disse que tem recebido informações muito positivas de todos os estados, e vai aproveitar a "onda" do exército de candidatos das eleições proporcionais que querem fazer santinhos com ele para "soltar" sua cara para o país inteiro. Disse que em Minas Gerais, por exemplo, já está 20 pontos à frente de Dilma em Belo Horizonte, e 15 pontos no estado, percentual que só esperava alcançar no fim da campanha.
Aécio voltou a afirmar que o episódio da construção do aeroporto em Cláudio, a seis quilômetros de terras da sua família, trata-se de "uma acusação leviana", e se recusou a dizer quantas vezes havia usado o aeroporto, por isso ser "irrelevante".
- Não vou ficar estendendo essa pauta. Nossa candidatura cresce e vamos continuar apresentando propostas para o Brasil. Cada um que faça seu julgamento. Eu estou pronto para isso - encerrou Aécio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário