• Deputado peemedebista ganha autorização da bancada para costurar "bloco" e ser candidato à presidência da Casa
• Nome do RJ enfrenta resistência do governo; proposta de reeditar acordo de rodízio no comando é rechaçada
Márcio Falcão e Ranier Bragon – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ganhou nesta quarta-feira (29) aval de sua bancada para ser pré-candidato à presidência da Câmara a partir de fevereiro.
Reconduzido, por unanimidade, como líder do partido, ele recebeu autorização para costurar um "blocão", reunindo partidos para atuação na Casa no próximo ano.
A estratégia dos peemedebistas é fortalecer Cunha com um amplo arco de aliança e, de quebra, isolar o PT, maior bancada da Câmara em 2015, com 70 parlamentares.
O PMDB já abriu conversas com PR, PSC, PTB e Solidariedade. A ideia é criar um bloco de partidos independentes, com força para interferir em votações e garantir espaços na cúpula da Câmara e em comissões importantes.
Com 66 deputados para a próxima Câmara, parte dos integrantes do PMDB defende não ser saudável o PT, que controla o Executivo, ficar no comando do Parlamento.
"Não há uma boa harmonia para que o PT consiga impor uma candidatura. Eu acho muito difícil uma candidatura do PT lograr êxito na Casa", disse Cunha.
Aliado e magoado com petistas, o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), disse que Cunha é um "nome natural que sem dúvida honraria a Câmara".
A bancada rechaça a proposta do vice-presidente, Michel Temer (PMDB), de reeditar o acordo de rodízio entre PT e PMDB no comando da Câmara. Hoje é o PMDB que comanda Câmara e Senado.
O Planalto emitiu sinais de resistência ao nome de Cunha e vê com preocupação a antecipação da sucessão na Casa.
O governo teme o peemedebista porque, neste primeiro mandato de Dilma, Cunha agiu, em alguns casos, como líder da oposição dentro do governo, armou rebeliões, mediu forças e sempre preservou pontes com a oposição.
Diante da posição do Planalto, o PT também pretende lançar nome na disputa. São cotados os ex-presidentes da Casa Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Marco Maia (PT-RS), além de José Guimarães.
Os petistas, no entanto, pretendem adiar qualquer definição, até para saber se Cunha terá fôlego para bancar uma candidatura para o comando da Câmara.
"Para nós, ainda está cedo para discutir presidência. Nós somos de fazer e cumprir acordo. É hábito nesta Casa os maiores partidos fazerem o revezamento. Nós não temos pressa. Vamos dar tempo ao tempo", afirmou o líder do PT, Vicentinho (SP).
Partidos de oposição também estudam apresentar candidatura. PSDB, DEM, PPS e o Solidariedade discutem com o PSB um nome.
Entre os possíveis candidatos estão Júlio Delgado (PSB), Duarte Nogueira (PSDB-SP) e Carlos Sampaio (PSDB-SP).
Nos bastidores, os oposicionistas admitem que a candidatura é mais um gesto político e que há espaço para negociação com Cunha.
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