Lindbergh diz que partido queria deixar o governo Cabral há muito tempo e agora se sente “livre”
Maiá Menezes
RIO — O PT vai se antecipar ao governador do Rio, Sérgio Cabral, e entregará hoje mesmo os cargos que mantém no governo estadual. Na madrugada de sábado, como antecipou o site do GLOBO, Cabral enviara ao presidente regional do PT, Washington Quaquá, um e-mail comunicando sobre a exoneração dos petistas, que seria feita na próxima sexta-feira. Hoje, Quaquá toma café da manhã com o governador, no Palácio Guanabara. Já vai com a lista dos petistas.
— A gente está querendo sair há muito tempo. Mas houve uma movimentação do governador junto ao Palácio do Planalto e ao PT nacional, para impedir. Sempre colocava em xeque uma ameaça de rompimento da aliança nacional com o PMDB. Mas agora o governador entendeu que é irreversível. Que exonere logo. Não queremos que fique mais ninguém do PT — disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), pré-candidato ao governo.
Quaquá calcula que o número de cargos seja de 200. Saem os secretários Carlos Minc (Meio Ambiente) e Zaqueu Teixeira (Assistência Social). O presidente do PT, que chegou a defender um aliança com o PMDB, com Lindbergh à frente da chapa, agora vê como impossível tal composição. Ele afirma que o rompimento no Rio não afetará a aliança nacional com o PMDB.
— Para nós, a saída deveria ter sido em novembro. Ficamos para atender a um pedido da direção nacional. Esse e-mail do Cabral recebemos com alegria. Até ajuda a gente. Mas seria até deselegante falar em aliança, acho que está descartada. Temos nosso candidato. Eles têm o deles (o vice-governador Luiz Fernando Pezão). — diz Quaquá, afirmando que, desde a eleição de Lula, o PT conquistou o “eleitorado da massa popular”, e que é hora de atrair esse eleitores também no Rio.
Cabral tomou a decisão irritado com a decisão do PT de antecipar de 31 de março para 28 de fevereiro a saída do governo. Cabral soube por e-mail, meia hora antes, que aconteceria o encontro formalizando a decisão, no último dia 17, na sede do Sindicato dos Bancários, no Rio. Ali, Lindbergh já intensificara suas críticas ao governador. A decisão abre espaço no governo para novos aliados, como o Solidariedade, do deputado federal Paulinho da Força (que ocupará a Assistência Social).
Segundo Cabral, na última reunião das cúpulas do PT e do PMDB, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria deixado claro que não interferiria mais no Rio, como em outros tempos (em 1998, a direção nacional fez uma intervenção contra a candidatura de Vladimir Palmeira ao governo).
— Lula disse que não violentaria o Rio outra vez. Estamos muito satisfeitos com o desfecho. É como terminar um casamento ao qual a gente quer dar fim a um bocado de tempo. Estamos livres — disse o senador, cuja pré-candidatura ao governo deverá ser lançada no próximo dia 22.
Fonte: O Globo.
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