• Manifestantes repetem fórmula que levou 2 milhões às ruas em março
Mayara Mendes e Julianna Granjeia – O Globo
RIO E SÃO PAULO — Manifestantes prometem voltar às ruas neste domingo para protestar contra o governo da presidente Dilma Rousseff nos 26 Estados do Brasil e Distrito Federal. Vários grupos estão encarregados da organização dos atos, repetindo a fórmula que mobilizou cerca de dois milhões de pessoas no último dia 15 de março em todo o país. Os organizadores estimam manifestações em mais de 400 cidades neste domingo.
Com objetivos parecidos, mas perfis e pautas distintas, o Movimento Vem pra Rua Brasil, os Revoltados Online e o Movimento Brasil Livre (MBL) revelam segmentos diferentes de eleitores insatisfeitos que pretendem protestar. A diferença entre os movimentos começa no alcance nas redes sociais. O Revoltados Online tem 764.233 seguidores no Facebook, o Vem pra Rua Brasil reúne 471.889 e o Movimento Brasil Livre tem 121.387.
O número de cidades em que simpatizantes já confirmaram presença no domingo é mais favorável ao Vem pra Rua Brasil: 413 contra 121 municípios do MBL. O Revoltados informou não estar contabilizando, apesar de confirmar organização em São Paulo, Rio e Brasília.
O Revoltados Online vende camisetas e adesivos pedindo o impeachment e divulga uma conta bancária para receber doações. Segundo Marcello Reis, líder do movimento, com o dinheiro dessas atividades um trio elétrico foi alugado por cerca de R$ 10 mil para percorrer a Avenida Paulista, região central de São Paulo.
— Não vamos parar enquanto não tiver uma solução. Eles entenderam o nosso recado sim, só não quiseram ouvir. Por isso, não estamos fazendo muitas pautas. Nossa reivindicação é simples e objetiva: impeachment e fim das urnas eletrônicas — afirmou Reis.
O Vem Pra Rua Brasil vai para as ruas hoje com o mote “Eles Não Entenderam Nada — O Nosso Partido É o Brasil”. Em sua página, o movimento afirma que “para mudar o Brasil, a lista de assuntos é bastante longa” mas destaca pontos para reivindicar no protesto: cassação, renúncia ou impeachment (“fora Dilma, mas sempre dentro da lei”), transparência nas operações do BNDES e proteção da Operação Lava-Jato.
— Estamos priorizando a investigação neutra dos casos de corrupção e dos processos de investigação em cima da presidente. Mantemos como causa os demais pontos, mas estamos focados em não ter pizza na investigação do petrolão — afirmou o porta-voz do movimento, Rogério Chequer, por telefone, minutos antes de participar da palestra “Vencendo o populismo com as armas da democracia: um encontro com Gloria Alvarez”, no Instituto Fernando Henrique Cardoso.
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, divulgou nesta semana vídeo convocando a população para participar da manifestação. No vídeo gravado em um carro em movimento, Aécio chama para as ruas todos que estão com “nó na garganta” para dizer que “não aguentam mais tanta mentira”. Ele, no entanto, ainda não confirmou se irá participar.
Já o MBL diz se diferenciar pela defesa de políticas liberais na economia, como a privatização da Petrobras. Renan Santos, um dos líderes do MBL, afirma que não se trata apenas de um movimento anti-Dilma ou anti-PT:
— O grupo é totalmente baseado em ideias liberais. Nos unimos por afinidade antes de tudo, não é só um grupo anti-PT. Mesmo que o foco no momento seja tirar a Dilma do poder e combater o que o PT representa, as pessoas estão juntas por uma identidade ideológica.
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