• Não é difícil concluir que o melhor a fazer para o país é tratar de remover o entulho deixado pelo experimentalismo da política do ‘novo marco macroeconômico’
O aprofundamento da crise de popularidade da presidente Dilma, neste início de segundo mandato, coincide com danos consideráveis à imagem do PT causados à medida que avançam as investigações da Lava-Jato, operação da Polícia Federal, com apoio no Ministério Público, de desmontagem do enorme esquema de corrupção instalado na Petrobras sob as bênçãos lulopetistas.
Dilma paga elevado preço ao ser pilhada no desencontro entre o que prometeu nos palanques e o que foi obrigada a fazer na economia. Não tinha saída, caso contrário mergulharia em turbulências ainda maiores. O Lula de 2003 sabe do que se trata.
Já a Lava-Jato, ao atingir desta vez a Norberto Odebrecht, da qual o ex-presidente Lula sempre demonstrou especial proximidade, passou a ser vista como uma ameaça ainda maior ao petismo.
O próprio Lula se movimentou, fez críticas às investigações, ao governo Dilma, ao PT e elevou os decibéis na defesa de uma “agenda positiva” para se contrapor ao ajuste fiscal.
Subentende-se que, ao lançar projetos e programas “propositivos” de governo, Dilma se contraporá ao pessimismo reinante. Por este ponto de vista limitado, não importa se a volta do otimismo dependa do próprio ajuste.
Mas se o propósito é lançar bandeiras que mobilizem, elas não faltam. Uma delas, prioritária, pode ser a busca por maior competitividade para a economia brasileira, um indiscutível flanco vulnerável do país.
Demonstra bem este problema o Índice de Competitividade Mundial, calculado desde 1989 pelo International Institute for Management (IMD), no Brasil associado à Fundação Dom Cabral.
Nos últimos anos, o país tem caído de posição: no levantamento deste ano, ficou no 56º lugar, 18 posições abaixo de 2010. Agora, o Brasil só não está pior que Mongólia, Croácia, Argentina, Ucrânia e Venezuela. Perde, por exemplo, para Bulgária, Peru, África do Sul e Jordânia.
Não é coincidência que o descenso do Brasil neste ranking coincida com a execução da política do “novo marco macroeconômico”, iniciada ainda na Era Lula, e de cujas ruínas a própria Dilma tenta se soerguer.
Contribuem para a piora na avaliação da competitividade brasileira o baixo crescimento e seus desdobramentos (desemprego, por exemplo), inflação e o ambiente institucional, incluindo a transparência do governo. Portanto, ajudam a melhorar a competitividade do país acabar com a “contabilidade criativa” e combater a corrupção. Quer dizer, muitos dos pontos negativos decorrem dos erros de política econômica. Assim, a “agenda positiva” tão procurada pelo lulopetismo está visível: as mudanças de rumo que Dilma tenta fazer para corrigir erros cometidos desde o segundo mandato de Lula.
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