Cambaleando como iniciante na corda bamba, o governo Dilma Rousseff (PT) ainda tentava se reequilibrar depois do chacoalhão representado pelas manifestações de domingo (13) quando se viu atingido por dois novos golpes nesta terça-feira (15).
Como revelou a revista "Veja", o senador Delcídio do Amaral (MS) –que pediu desfiliação do PT– entregou à Procuradoria-Geral da República gravações de conversas comprometedoras travadas entre um de seus assessores e Aloizio Mercadante, ministro da Educação.
Mercadante, um dos ministros mais próximos de Dilma, encontrou-se mais de uma vez com José Eduardo Marzagão em dezembro, quando Delcídio estava preso. Nos encontros, mostrou-se preocupado com a situação do senador e, naturalmente, com a possibilidade de ele fechar acordo de delação premiada com os investigadores.
A ideia, nas palavras de Mercadante, era que Delcídio não fosse um agente que desestabilizasse tudo. A fim de evitar tal cenário, ofereceu ajuda financeira, jurídica e política, incluindo eventuais tratativas com Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, e Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal.
Delcídio não parece ter dúvidas sobre a atitude do ministro da Educação: "Agiu como emissário da presidente da República e, portanto, do governo". Dilma e Mercadante negam; teria sido uma iniciativa pessoal, movida por sentimentos de solidariedade.
Já não seria pouco, para um governo esfacelado como este, precisar se defender da acusação de ter tentado comprar o silêncio do senador; mas não era tudo.
A tão falada delação premiada de Delcídio enfim foi homologada pelo STF. Seu conteúdo, agora livre do sigilo judicial, aumenta de forma considerável o volume já impressionante de provas e indícios colhidos pela Operação Lava Jato.
Vale lembrar que, na esfera jurídica, essa forma de colaboração serve antes como ponto de partida do que de chegada. As palavras do delator auxiliam os investigadores, mas elas não tornam desnecessária a apresentação de provas sólidas de tudo o que foi dito.
As menções incriminadoras que Delcídio fez aos petistas Dilma e Lula, aos peemedebistas Michel Temer, Renan Calheiros e Eduardo Cunha e ao tucano Aécio Neves, entre tantos nomes, ainda precisam passar por um processo de depuração no Judiciário.
No campo político, porém, as acusações circulam em outro ritmo e com pouco respeito ao princípio da isonomia. Descartando o que houver de incômodo na delação de Delcídio, a oposição não hesitará em selecionar os melhores trechos para reforçar o pedido de impeachment –do qual a presidente Dilma parece ter cada vez menos condições de se defender.
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