• Organizadores falam que 50 mil pessoas participaram do ato, que teve três detidos pela PM
Ricardo Galhardo, Marianna Holanda e Vivian Codogno - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Com um número menor de manifestantes do que o ato do último domingo, 4, grupos voltaram às ruas de São Paulo nesta tarde, 11, para pedir o "Fora Temer" e também o "Fora Cunha". A manifestação fez parte da agenda eleitoral de dois candidatos à prefeitura da capital paulista: da deputada federal Luiza Erundina (PSOL) e do prefeito Fernando Haddad (PT).
O ato, convocado pela Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo, se concentrou durante a tarde em frente ao vão do Masp, na Avenida Paulista, e seguiu em direção ao Monumento às Bandeiras, na região do Parque do Ibirapuera. De acordo com os organizadores , 50 mil pessoas participaram da marcha, que ainda reivindicou novas eleições presidenciais no País. A Polícia Militar não fez estimativa do número de participantes .
O pedido de "Fora Cunha" ganhou força neste domingo, nos cartazes e nos gritos dos manifestantes - está marcada para esta segunda-feira a sessão que vai decidir se o deputado afastado terá o mandato cassado. A deputada federal e candidata a prefeita Luiza Erundina chamou o ex-presidente da Câmara de "o grande golpista é grande traidor" e afirmou que ele irá perder o mandato. "Pode começar a chorar", disse. Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos engrossou o coro contra o peemedebista. "Hoje também é o momento de falar 'Fora Cunha', este bandido. Queremos ver ele chorar é na cadeia", comentou.
Presos. A manifestação começou pacífica, com um carro de som e batucadas, na Avenida Paulista. Na saída do ato, entretanto, a Polícia Militar prendeu três manifestantes. De acordo com a PM, eles estavam com máscaras, soco inglês, bola de gude, faca e triturador de maconha nas mochilas. A irmã de uma das detidas afirmou que o grupo estava fazendo uma intervenção artística quando foi alvo de ação truculenta dos policiais.
"A gente tava num grupo, a fotógrafa da Folha tirou uma foto nossa, mas fomos falar com ela, porque não queremos sair nessa imprensa manipuladora. A PM pediu para revistar bolsas, o RG, mas eu intervi porque eles não podiam tratar a menina assim. Era um policial homem. Levaram ela, que é menor de idade. Eles empurraram ela", disse a manifestante que se identificou como Karina, 19 anos.
O protesto começou às 14h, com a presença de bandeiras de movimentos sociais e organizações, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Quando gritavam, alguns transeuntes e ciclistas acompanhavam, espontaneamente, o coro do "Fora Temer". Além de Erundina e Haddad, também estavam presentes no ato o presidente nacional do PT, Rui Falcão, o ex-senador Eduardo Suplicy (PT) e o senador Lindbergh Farias.
Segundo Erundina, é impossível desassociar a eleição municipal da pauta nacional. "(O impeachment) é a coisa principal da nossa luta. Nesta campanha não dá para separar as duas coisas, não dá para sair da rua e quando não derrubado o último golpista. É em São Paulo que a gente vai fortalecer esta resistência", disse.
Manifestantes. Tarso Loreiro foi em todas as últimas manifestações e trouxe a família para o protesto deste domingo. Para "distrair" os quatro filhos, fez um boliche improvisado, em que os pinos levavam nomes do senador Aécio Neves (PSDB), do ministro de Relações Exteriores, José Serra, de Temer, da TV Globo e da revista Veja.
Professor de geografia no ensino médio em uma escola privada, ele disse que, cada vez mais, tem visto alunos seus nos protestos. "Tento nem falar em sala de aula sobre essas coisas para não ficar muito panfletário. Mas percebi que, alunos que não vieram para defender Dilma do impeachment, estão vindo no 'Fora Temer' lutar contra os retrocessos deste governo", observou.
Figura conhecida pelos partidários do 'Fora Temer', o rapper Jonatha, que trabalha aos domingos na avenida Paulista, faz rimas de conscientização política e recebe o apoio de quem passa em frente à sua caixa de som.
"O presidente é só um bode expiatório. Safado mesmo é o congresso, são os deputados", reflete o músico. Vindo do bairro do Imirim, na zona norte de São Paulo, Jonatha trabalha na rua há dois anos, desde que perdeu o emprego, e faz questão de manter o teor político da sua música. "O rap é conscientização, não é apologia", analisa.
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