Por Marina Falcão – Valor Econômico
RECIFE - O resultado das eleições em Maceió podem acender um sinal amarelo para os planos de reeleição do governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB). Possível oponente do pemedebista na disputa estadual de 2018, o prefeito Rui Palmeira (PSDB) lidera com folga o pleito municipal no segundo turno contra o ex-prefeito Cícero Almeida (PMDB), seu antecessor, que recebeu ostensivo apoio do governador durante a campanha.
Em uma poderosa aliança que inclui o PP de Alagoas - do senador Benedito Lira e seu filho Arthur Lira, deputado federal -, o candidato tucano saiu na frente no primeiro turno quando recebeu quase 47% dos votos válidos.
Aos 40 anos, integrante da aristocracia canavieira de Alagoas, Palmeira tem 56% das intenções de votos, o dobro de Almeida, que aparece com 28%, segundo pesquisa Ibope de meados de outubro. No primeiro turno das eleições na capital alagoana, o radialista, repórter policial e cantor teve quase 24,8% dos votos válidos.
Terceiro colocado na disputa do primeiro turno com 21,8% dos votos válidos, o deputado federal João Henrique Caldas (PSB), mais conhecido pelas iniciais JHC, declarou-se neutro para o segundo turno, o que frustrou as expectativas do PMDB de alavancar a campanha de Almeida.
Para Cícero Péricles, professor de economia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o apoio do PSB não se confirmou porque os candidatos tem perfil de eleitor muito distintos: enquanto o eleitor clássico de Almeida está nas classes C, D e E, os de JHC são de classe média. Embora o pessebista tenha feito uma campanha de polarização contra o atual prefeito, é para ele que seus votos no segundo turno estão indo.
Com a ausência da esquerda de Heloísa Helena (Rede), a campanha em Maceió está fria e o nível de abstenções no primeiro turno, de mais de 17%, tende a ser novamente elevado no domingo. De modo geral, a esquerda teve um desempenho pífio nas eleições em Maceió e o destaque negativo foi o enfraquecimento da marca do PT. O deputado federal Paulão (PT), que fez uma campanha focada em temas nacionais, teve votação menor do que a do candidato do Psol, o deputado Gustavo Pessoa, no primeiro turno. Ambos estão pregando o voto nulo no domingo.
A vitória de Palmeira será a segunda derrota do governador nestas eleições para o PSDB. Em Arapiraca, município que tem o segundo maior domicílio eleitoral do Estado, o candidato apoiado por Filho, Ricardo Nenenzinho (PMDB), perdeu no primeiro turno para o tucano Rogério Teófilo, em uma disputa apertada definida pela diferença de 259 votos.
"As derrotas não significam que ele está necessariamente fora do jogo em 2018. É um governador bem articulado e avaliado, que conseguiu desvincular a sua imagem da do pai [o presidente do Senado, Renan Calheiros]. Se Filho tiver 40% dos votos na capital, já tem uma estrutura para o pleito estadual boa", pondera Péricles. Diferentemente do filho governador, Renan não participou diretamente das campanhas municipais.
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