Por Daniela Chiaretti – Valor Econômico
SÃO PAULO - A concorrida eleição pela prefeitura de Belém, que repete a disputa de 2012 opondo o atual prefeito, o tucano Zenaldo Coutinho a Edmilson Rodrigues, candidato do Psol, ficou mais agressiva no segundo turno e indefinida a poucas horas da decisão nas urnas.
A campanha do segundo turno elevou a temperatura e as acusações. A chapa do atual prefeito e seu vice, Orlando Pantoja, sofreu um revés na semana passada por determinação do juiz da 97ª Zona Eleitoral, Antônio Claudio Cruz. Ele entendeu que os candidatos se beneficiaram de vídeos de propaganda institucional publicados no Facebook oficial da prefeitura, mas dias depois suspendeu o pedido de cassação.
"No primeiro turno tínhamos apenas 40 segundos e nosso adversário, mais de 3 minutos. Só mostrávamos as propostas, sem conseguir detalhá-las. A estratégia era chegar ao segundo turno sem ser vítima da invisibilidade que a situação estava provocando", disse ao Valor Luiz Araújo, presidente nacional do Psol.
"Depois de uma vitória conservadora no Brasil inteiro, voltar a governar em Belém tem um simbolismo grande para a reconstrução da esquerda", diz Araújo.
A estratégia da campanha de Edmilson foi centrar foco no entendimento que "70% do eleitorado no primeiro turno votou pela mudança", diz Araújo, somando os votos de todos os opositores ao atual prefeito no primeiro turno.
Derrotados no primeiro turno, a candidata Ursula Vidal, do Rede Sustentabilidade e o professor Carlos Maneschy, ex-reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), que se candidatou pelo PMDB, declararam apoio a Edmilson Rodrigues.
O PMDB, contudo, não apoiou ninguém. Embora programaticamente apoie Zenaldo, uma disputa local parece impedir o apoio formal - a briga pelo governo do Estado em 2018. Jader Barbalho, cacique do PMDB paraense, quer indicar o filho Helder, ex-ministro da Pesca de Dilma Rousseff e ministro da Integração Nacional do governo de Michel Temer. Na eleição de 2014, Helder Barbalho quase venceu no primeiro turno o atual governador, o tucano Simão Jatene.
"Resolvemos combater a ilha da fantasia que o atual prefeito colocava, dando a Belém aparência de cidade feliz", segue Araújo. Belém está entre as 10 capitais brasileiras mais violentas do país. "O prefeito passou 3,5 anos sem inaugurar obras. Em agosto resolveu correr contra o prejuízo", continua.
Coligado com 15 partidos, Zenaldo Coutinho tinha quase 4 minutos de espaço na tevê no primeiro turno. "Zenaldo está em processo de reeleição e é preciso considerar que a crise trouxe dificuldades para os gestores do que se criou como expectativa na eleição passada", rebate Orly Bezerra, coordenador de marketing da campanha do atual prefeito. "Ele iniciou o processo eleitoral com grande desgaste por conta disso."
O conceito da campanha de Zenaldo é "Belém no rumo certo", diz Bezerra. "Se nem tudo estava pronto, havia indicativos de bons resultados tanto na realização de obras como exibindo contas da prefeitura organizada, nenhum escândalo na gestão, sem pendências judiciais", diz o coordenador da campanha do tucano. "Neste patamar se conseguiu ir para o segundo turno em primeiro lugar. A rejeição a Zenaldo foi caindo", celebra.
"Não arriscaria hoje dizer quem levará a eleição", diz o jornalista e cientista político Max Costa, ligado à campanha de Edmilson.
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