Pressões da inflação continuam baixas, tanto que o BC até arrisca projetar juros de um dígito ainda este ano, garantia de que não são necessários incentivos artificiais
A reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), do Banco Central, terça e quarta, transcorreu sem qualquer grande surpresa, confirmando a afirmação do presidente do BC, Ilan Goldfajn, feita no Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça, de que cortes de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros eramo“novo normal ”. Assim, aS elic,c oma segunda redução consecutiva de mesmo tamanho, caiu para 12,25%.
Como de praxe, federações de empresários acharam o corte pouco audacioso, com apoio de sindicatos de trabalhadores. Uma sutil porém relevante novidade é que, na nota divulgada sobre a decisão, o Banco Central, fora do habitual, fez uma projeção de juros a 9,5% no final deste ano, e a9% quando encerrar-se 2018.
Entende-se que, além de cumprira promessa de transparência feita na posse, a diretoria do banco procure, como é sua função, ancorar as expectativas dos formadores de preço. Facilita, dessa forma, o próprio trabalho, já sustentado na credibilidade da equipe de Goldfajn.
O ambiente é mesmo favorável a que os juros voltem à faixa de um dígito, desta vez de forma natural, e não por voluntarismo político e ideológico do governante de turno, o que aconteceu na gestão de Dilma Rousseff. Com resultado previsível: a inflação subiu com força, e o BC foi obrigado a elevar novamente os juros.
As pressões sobre os preços continuam baixas. Mesmo com os reajustes de mensalidades escolares, normais nesta época do ano, o IPCA-15, em fevereiro, a prévia para o mês, foi de 0,54%, o mais baixo índice neste período desde 2012. Afinal, os alimentos continuam em deflação.
Aumentam as apostas de que a inflação voltará, este ano, para o centro da meta (4,5%), objetivo que havia sido abandonado por Dilma, causa de uma série de problemas. Com os preços domados sem artifícios, empresários e consumidores passam a ter previsibilidade para executar projetos de investimento e voltar a se endividar. Pavimenta-se a volta do crescimento econômico a taxas razoáveis, na faixa dos 4%/5%.
Conclui-se que movimentos de pressão política para que o governo produza estímulos econômicos se tornaram ainda mais incabíveis. Em dezembro, diante da constatação de que a remoção de Dilma e o lulopetismo do poder não era suficiente para fazer o PIB decolar, políticos da base chegaram a se movimentar com esta intenção. Agora, inquietações semelhantes voltam a ocorrer na aliança de apoio a Temer.
A sinalização do BC precisa ser entendida como garantia de que o processo de recuperação do PIB, em curso, tende a se fortalecer. Se os políticos querem ajudar, que trabalhem para a aprovação da reforma da Previdência e da trabalhista. E apoiem o governo na resistência à tentativa de estados de nada ou pouco darem em troca da ajuda da União para saírem da falência.
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