- Folha de S. Paulo
À espera da passagem do furacão "segunda denúncia" pela Câmara dos Deputados, a equipe econômica do presidente Michel Temer está tomada pela convicção de que, dissipadas as nuvens da borrasca, conseguirá levar adiante a votação da reforma da Previdência. Sem polianismo, afirma o time de Henrique Meirelles (Fazenda).
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), encontra-se em débito com a turma da Fazenda. Na ausência de Temer —que batia asas pela China—, o demista ocupou o Palácio do Planalto e pressionou o ministério de Meirelles a botar de pé o arrastado acordo de socorro ao Rio. Foi assim que Maia, em lágrimas, ganhou as páginas dos jornais e engrandeceu seu capital eleitoral.
Embora devedor, o deputado avisa que não há meios para fazer avançar duas agendas simultâneas na Câmara. Enquanto a segunda denúncia do presidente Temer não for liquidada, a Casa não despenderá energia com outros temas. Comunicou platitudes.
O ritmo do prosseguimento da acusação contra o presidente depende de uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Nos bastidores, o que se ouve é que os ministros tendem a deixar seguir a denúncia.
Enquanto isso, Meirelles insistirá que a reforma da Previdência pode ser votada em outubro, mesmo com todas as dificuldades. Gosta de enumerar as vitórias (sofridas) que obteve no Congresso, como o teto de gastos e a nova taxa de longo prazo.
Esquece-se de inúmeras derrotas recentes: não conseguiu reonerar a folha de pagamento das empresas neste ano, não aprovou a nova meta de deficit fiscal a tempo de fechar o Orçamento de 2018, foi tungado nas contribuições do Funrural. E, agora, sua a camisa para fechar um acordo menos desfavorável do novo Refis.
Não lembra também que a partir de outubro deputados e senadores estarão mais preocupados com os conchavos para a (re)eleição.
Menos polianismo.
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