Para governistas, na prática, a decisão de Fachin já suspende a tramitação da segunda denúncia contra Temer
Ricardo Galhardo | O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Auxiliares do presidente Michel Temer avaliam que a decisão do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), de não encaminhar diretamente à Câmara a denúncia oferecida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deixa nas mãos de Raquel Dodge, que assume a chefia do Ministério Público Federal na próxima semana, o controle sobre o futuro da ação.
Ao contrário da primeira denúncia contra Temer, enviada à Câmara dois dias depois de ter chegado ao Supremo, desta vez Fachin decidiu esperar que o plenário da Corte julgue uma questão de ordem sobre a suspensão do processo enquanto não forem esclarecidos problemas referentes às delações de Joesley Batista e Ricardo Saud, do Grupo J&F.
Para o Planalto, na prática, a decisão de Fachin já suspende a tramitação da segunda denúncia contra Temer. Na segunda-feira Janot sai de cena, Raquel Dodge, nomeada por Temer, toma posse na chefia da PGR e, a partir de então, será a titular do processo, podendo tanto fazer correções na peça apresentada pelo antecessor quanto simplesmente retirar a denúncia.
Auxiliares de Temer interpretam a decisão de Fachin não como uma posição isolada do relator, mas como um entendimento mais amplo de um setor majoritário do STF de que Janot, em fim de mandato e alvo de severas críticas, não tinha condições para apresentar a denúncia e deveria ter deixado a iniciativa para a sucessora.
A decisão de Fachin trouxe ainda mais segurança ao Planalto, que já tinha uma avaliação otimista sobre a possibilidade de a denúncia prosperar na Câmara. Segundo assessores de Temer, a contabilidade palaciana aponta um placar amplamente favorável à rejeição da acusação e o único risco é de que um grupo de deputados, que até agora não apareceu, decida se rebelar para, em troca de seus votos, exigir mais benesses do governo.
Três meses depois de ter adotado a arriscada estratégia de partir para o confronto direto contra Janot, o Planalto dá a disputa como vencida.
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