Por Raphael Di Cunto | Valor Econômico
BRASÍLIA - Com divergências internas após a desistência do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa de concorrer à Presidência pelo PSB, o partido decidiu descartar aliança formal com o PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou com o PSDB do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin. Na mesa estão duas opções: aliança com outro candidato - o mais provável é Ciro Gomes (PDT) - ou ficar neutro nacionalmente.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, encontrou-se ontem com o presidente do PDT, Carlos Lupi, e disse que a sigla está aberta a conversas com todos, mas já definiu que os dois partidos que polarizaram as eleições nos últimos 24 anos estão fora do radar. "Precisamos manter a unidade do PSB e nem um nem outro nos possibilitam isso. É melhor excluir as possibilidades que nos dividem e tentar as que nos aproximam", afirmou.
Parlamentares e governadores nordestinos do PSB defendem a aliança com o PT, pela força de Lula na região, ou com Ciro. As conversas com o PT partem principalmente do diretório pernambucano, que quer reeleger o governador Paulo Câmara e, para isso, pretende demover os petistas de concorrerem com a vereadora Marília Arraes (PT). Já o governador de São Paulo, Márcio França (PSB), apoia Alckmin.
Uma possibilidade, que o presidente nacional do PSB e outros dirigentes da sigla não consideram a ideal, é liberar os Estados para apoiarem os candidatos que acharem melhores para suas composições regionais. Seria a saída diante da divisão da sigla. Uma candidatura própria alternativa, apenas para marcar posição, está descartada.
Já a aliança com Ciro tem defensores como o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda, além de dirigentes do Nordeste, e começou a ser discutida formalmente ontem. Siqueira e Lupi começaram a traçar o mapa de alianças regionais, onde ambos podem convergir e onde há problemas, e analisaram o cenário nacional.
Lupi disse que sentiu boa vontade do PSB e que o partido é seu aliado preferencial. As divergências regionais, como no Amapá, onde ambos polarizam a política local, podem ser resolvidas. Há conflitos também no Distrito Federal, Tocantins -onde a senadora Kátia Abreu (PDT) e o ex-prefeito Carlos Amastha (PSB) disputam a eleição suplementar em 3 de junho - e Paraíba. "Onde tiver dois palanques ou o Ciro não vai em nenhum ou o Ciro vai nos dois", disse o pedetista. O PSB tem candidatos a dez governos.
Siqueira disse que a conversa com o PDT ainda é inicial, para análise de conjuntura, e citou que também recebeu esta semana as presidentes do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), e do Podemos, a deputada Renata Abreu (SP), que faz campanha pelo senador Alvaro Dias (PR). Questionado se o PSB poderia apoiar Dias, contudo, ele desconversou. "Estamos recebendo todos que nos procuram e vamos examinar cada situação", disse.
A neutralidade na eleição nacional, lembrou, embora criticada por parte dos pessebistas, já ocorreu em 2006. O prazo para decisão do partido deve ser junho. "Julho [quando ocorrem as convenções] é muito tarde."
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