Como as forças políticas tradicionais domesticaram o levante da sociedade civil contra o estado e o transformaram na polarização entre “coxinhas” e “petralhas”
Pablo Ortellado | O Globo
Pablo Ortellado mostra como aumentou a distância entre os diversos grupos políticos depois das manifestações de junho O Brasil que existia antes das manifestações de junho de 2013 parece um outro país. O PT estava no poder havia mais de dez anos e o país vivia um longo período de crescimento econômico, pleno emprego, prestígio internacional e ampla aprovação dos eleitores. O “progressismo” era um fenômeno regional, com partidos ou coalizões de esquerda governando a Argentina, o Uruguai, a Bolívia, o Chile, a Venezuela, o Equador e, por um curto período, o Paraguai.
O Brasil daquele distante período era o país do Cristo Redentor decolando na capa da Economist, do gigante se levantando na publicidade do Johnnie Walker, o país cujo prestígio internacional era tão grande que tinha conseguido sediar a Copa do Mundo e a Olimpíada.
Como saímos dessa autoimagem gloriosa e cheia de esperança para ser o país da Lava Jato, da Petrobras quebrada, de uma presidente impedida e de um novo presidente com 5% de aprovação; um país com dois anos consecutivos de recessão econômica e cujos executivos das maiores empresas e a liderança dos três principais partidos estão presos ou prestes a ser presos?
Um pedaço dessa história diz respeito aos muitos erros da política econômica do governo Dilma: o represamento dos preços administrados, as desonerações às grandes empresas, a expansão do crédito subsidiado e a deterioração fiscal — tudo isso combinado com os efeitos da crise global e a queda nos preços das commodities. Diz respeito também às políticas antissociais implementadas para promover a austeridade no segundo mandato de Dilma Rousseff e na gestão de Michel Temer.
Mas, quando o Brasil viveu o terremoto de junho de 2013, nada disso era visível: a Lava Jato ainda não tinha começado, a taxa
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