- O Estado de S.Paulo
O temor demonstrado antes do debate da Band pelas assessorias dos candidatos se manifestou no palco: nenhum dos principais candidatos à Presidência confrontou pesadamente Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas, quando teve oportunidade.
O único a questioná-lo em tom mais incisivo foi Guilherme Boulos, que, por ser do PSOL, representante da extrema-esquerda, é rechaçado pelo eleitorado bolsonarista. Ser confrontado por ele, portanto, reforça as posições de Bolsonaro junto aos que o apoiam.
Nem Ciro Gomes, sempre tão loquaz, que já chamou Bolsonaro de sociopata em entrevistas, teve ímpeto para chamá-lo ao ringue. Quando foram escolhidos para responder e comentar numa pergunta sobre educação, um Ciro sorridente dirigiu ao “Jair” uma piadinha sobre colégio militar que serviu de escada para a tréplica do deputado.
Quem ficou mais na berlinda foi Geraldo Alckmin, que recebeu alfinetadas de Marina Silva (quanto ao Centrão), Ciro (que tentou associá-lo por diversas vezes a Michel Temer), Alvaro Dias (que associou o PSDB, partido do qual foi até outro dia, à corrupção) e até do pacato Henrique Meirelles, que disse que o PSDB chamava o Bolsa Família de “Bolsa Esmola”.
O tucano procurou se manter em tom propositivo, mas soou professoral e pouco didático. Enfileirou siglas de difícil compreensão para o eleitorado comum e evitou revidar na mesma moeda as chineladas que recebeu. Soou frio e burocrático na maior parte do tempo.
A ausência do PT fez com que Lula fosse excluído também das perguntas e respostas, poupando o partido de críticas pelo petrolão e o desastre da economia legado por Dilma Rousseff.
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