Mourão e Ramos defendem Bolsonaro e afirmam que vídeo enviado pelo presidente não contém ataques ao Congresso e ao Judiciário
Tânia Monteiro, Julia Lindner / O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Dois generais do governo tentaram minimizar ontem a polêmica provocada pelo presidente Jair Bolsonaro, que compartilhou vídeos sobre os atos anti-Congresso marcados para o dia 15 de março. “Não foi ele (Bolsonaro) que fez os vídeos, não foi ele que distribuiu, ele não fez qualquer crítica aos parlamentares”, disse o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, ao Estado. O vice-presidente, general Hamilton Mourão, também defendeu Bolsonaro e afirmou que “estão fazendo tempestade em copo d’água”.
De acordo com Ramos, o presidente decidiu compartilhar o vídeo com amigos após ficar sensibilizado com a peça, que inclui cenas de quando ele sofreu uma facada, durante a campanha eleitoral de 2018, em Juiz de Fora (MG). “O vídeo não fala do Congresso. É um vídeo de apoio ao governo que ele recebeu e, pelo tom emotivo, apenas repassou para uma lista reservada de pessoas. Só no privado”, afirmou Ramos.
O titular da Secretaria de Governo passou o carnaval com Bolsonaro, no Guarujá, no litoral de São Paulo. “Qual é a responsabilidade dele de terem divulgado isso nas redes abertas? Nenhuma. Zero. Não é culpa dele. Foram apoiadores que divulgaram”, disse o ministro.
Mourão falou ainda em “colocar o incidente em seu devido lugar”. “(O vídeo) não foi veiculado publicamente e, principalmente, não contém ataques ao Congresso e ao Judiciário”, afirmou o vice-presidente.
Foto. O vice também se manifestou sobre o uso de sua imagem em um cartaz de convocação para os atos do dia 15. “Não autorizei o uso de minha imagem por ninguém, mas protestos fazem parte da democracia”, declarou Mourão.
Outro general fardado cuja foto foi usada no panfleto, o deputado federal Roberto Peternelli (PSL-SP) também desautorizou o uso da imagem. Nesta semana, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro de Bolsonaro, já havia criticado a vinculação do Exército às manifestações. “O uso de imagens de generais é grotesco.” e misógina . Não vou deixar de fazer meu trabalho por nenhuma tentativa de intimidação, por parte de nenhum grupo político. Já vivi isso por parte de outros grupos, mas a intensidade, a virulência e a participação de ministros, parlamentares e outras autoridades são inéditas”, afirmou a jornalista.
Repercussão. “Divulgar esse tipo de informação pessoal é um constrangimento e é, obviamente, uma forma de ameaçar a jornalista”, disse o presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Marcelo Träsel.
Para a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga, “a institucionalização dos ataques a jornalistas tem incentivado que mais agressões aconteçam”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário