Da
gerência das cuecas do quartel à morte de, em breve, 200 mil brasileiros
Aos
57 anos, o general Eduardo
Pazuello, militar de carreira e ministro da Saúde do governo Bolsonaro por
carreirismo, nunca imaginou que, um dia, fosse merecer uma biografia. Oficiais
da Intendência do Exército, como ele, não têm muitas ocasiões para usar a
espada exceto no dia 7 de setembro. Sua função é prover o suprimento do quartel
—aviar a merenda da tropa, supervisionar a lavagem das fardas, manter os
mictórios em condições e cuidar da manutenção dos pára-quedas. E também vigiar
os transportes de munição, cuidando para que não haja desvio de cartuchos pelo
caminho.
Até há pouco, o único episódio na trajetória de Pazuello que poderia justificar uma referência foi quando, em 2005, ao dirigir o Depósito Central de Munição, em Brasília, puniu um soldado sob seu comando, obrigando-o a puxar uma carroça, atrelado a ela por arreios, como uma mula, e transportando um colega na presença dos companheiros. Pazuello era tenente-coronel, mas isso não turvou sua escalada ao generalato.
Ao
ser convocado por Jair Bolsonaro para substituir um médico na direção do
Ministério da Saúde no meio de uma pandemia, Pazuello tinha duas opções:
recusar o convite, alegando incompetência para o cargo e certeza de comprometer
a saúde nacional, ou aceitá-lo e ter de mentir, omitir-se e errar perversamente
no combate ao vírus. Escolheu a segunda. Ou delirou, achando que daria conta da
tarefa, ou dispôs-se a babar e se humilhar para servir ao capitão. Pelo que se
vê, vale também a segunda hipótese.
Pazuello
na saúde é mais absurdo do que um médico comandando a lavagem das cuecas do
quartel. É mais letal. Recebeu o cargo com 15 mil mortos pela Covid e logo nos
entregará 200 mil. É injusto chamá-lo de palerma, como fazem. Mais exato será
cobrar sua cumplicidade no extermínio promovido por seu chefe.
Pazuello já merece uma biografia. A ser lida sob revolta e náuseas.
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