Uso
da máquina em campanha contra imunização aumenta responsabilidade por mortes na
pandemia
Jair
Bolsonaro trabalha para que o governo faça uma campanha oficial contra
a vacinação do coronavírus. Em entrevista à Band, o presidente revelou
ter pedido ao ministro da Saúde que comece "a mostrar o que seria a bula
desse medicamento". Em vez de garantir um processo seguro, ele quer que as
autoridades digam que a imunização é perigosa.
"Lá
no meio dessa bula está escrito que a empresa não se responsabiliza por
qualquer efeito colateral. Isso acende uma luz amarela. A gente começa a
perguntar para o povo: você vai tomar essa vacina?", declarou.
Além de abastecer a desconfiança da população e alimentar teorias conspiratórias em discursos públicos, o presidente acionou também a máquina do governo em sua cruzada contra a imunização. Se alguém tinha dificuldades para enxergar a responsabilidade direta de Bolsonaro pelo morticínio na pandemia, não é preciso perder mais tempo.
Enquanto
se empenha para desestimular a imunização, o presidente tenta empurrar
medicamentos sem eficácia comprovada, como a cloroquina. "Eu não sou
contra a vacina, mas sou plenamente favorável a esse tratamento preventivo que
a gente tem no Brasil", afirmou, na entrevista desta terça-feira (15).
Bolsonaro
também disse que o governo vai determinar que cada brasileiro assine um termo
de responsabilidade ao receber o imunizante. Ele só não disse que é preciso
fazer o mesmo para receber cloroquina. O texto alerta que o medicamento pode
causar disfunção cardíaca e que não há provas de que ele funcione.
Quando
a morte de um voluntário forçou a interrupção nos testes da Coronavac em São
Paulo, o presidente comemorou: "Mais uma que
Jair Bolsonaro ganha". Se as vacinas desenvolvidas até aqui se
mostrarem seguras, cada cidadão que recusar o imunizante também poderá ser
incluído em sua conta.
Desde
agosto, o percentual de brasileiros que não querem se vacinar subiu de 9% para
22%. São 46 milhões de pessoas que podem sofrer com a doença ou espalhar o
vírus.
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