Folha de S. Paulo
Falta informação nacional sobre a epidemia,
centrão saqueia Orçamento, Bolsonaro passeia
Faz dez dias, sabe-se pouco sobre o ritmo
da epidemia no país. A ignorância aumentou por causa dos ataques
de hackers aos sites do Ministério da Saúde, que não tiveram conserto
satisfatório até agora. Neste momento em que o mundo se ocupa do que fazer com
a ameaça
grave da ômicron, estamos um tanto mais no escuro do que de costume. Mais
sobre isso mais adiante.
Esses bandidos informáticos também atacaram outros sites do governo, como os das polícias federais. A baderna criminosa se torna uma rotina; os sites caídos permanecem em ruínas por tempo inaceitável. A segurança institucional é uma mixórdia negligente. É comandada por Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, um general amigo da ditadura e da tortura, comparsa de Jair Bolsonaro nas campanhas golpistas.
Bolsonaro menos e menos se ocupa de passar
a impressão de que governa. O Orçamento federal no momento é
retalhado pelos regentes do centrão e seus favorecidos, picotado em obras
paroquiais e outros fundos milionários para a reeleição dessa gente. O governo
de Bolsonaro não tem capacidade nenhuma de orientar a lei orçamentária, quando
não participa da razia e do saque. Esse tipo que ora ocupa a cadeira de
presidente da República tratou quase apenas de arrumar um reajuste para
policiais, sua "base". Bolsonaro não passa do pior vereador da
história do Brasil.
Bolsonaro pedinchou ao centrão dinheiro
para dar reajuste de salário a policial. Sempre Nero, Bolsonero, agora também é
Herodes. Faz campanha
para prejudicar a vacinação das crianças. Estertorando nas pesquisas,
estrebucha e cospe o resto do seu veneno a fim de manter no curral aquele 13%
do eleitorado que "sempre confia" no que ele fala (dados
do Datafolha) e mais outro tanto de votos, o mínimo para não ser descartado
na corrida eleitoral. Isto é, faz campanha para sua seita ou quase isso.
Quais as medidas para conter um repique da
epidemia, evitar uma possível invasão da ômicron? Não sabemos direito que se
passa, por causa daquela depredação causada por hackers e porque, enfim, nunca
houve mesmo um sistema nacional de informação e planejamento, de combate
coordenado à Covid. Nem testamos ou rastreamos direito a doença.
Como surtos e repiques são a princípio
locais, podemos tentar ver ali e aqui se a ômicron já faz estragos. O número de
internados em UTIs na cidade de São Paulo aumenta de leve. Tinha caído a 111
faz dez dias, voltou a 144 —sim já foram mais de 1.200 no auge da epidemia, em
abril. O número de novos internados no estado inteiro também voltou a subir.
Pode ser mera flutuação casual. Pode ser outra coisa.
Quando vamos aprender que precisamos ainda
tomar todos os cuidados (máscara, teste, ventilação, higiene, vacina, evitar
aglomeração) e olhar os dados de maneira obsessiva? Considerem o que se passa
na Europa e nos EUA, já
com vários fechamentos de atividades públicas e um número muito alto
de mortes.
Por sorte biológica, por causa do tamanho
da desgraça aqui (muita infecção) e pela vacinação tardia, mas rápida, a delta
fez bem menos estrago no Brasil do que no mundo rico. Pode ser que seja assim
com a ômicron, mas simplesmente não sabemos. Parece que é altamente
transmissível. No mais, há muita pesquisa e discussão sobre o bicho. Vamos
esperar para descobrir na prática, no cara ou coroa da morte?
No final de ano, haverá reuniões de
famílias, amigos, colegas de trabalho, aglomerações maiores, muitas
irresponsáveis, e muita viagem. Se a ômicron está solta em São Paulo, vai se
disseminar pelo país, inclusive por lugares do Norte e do Nordeste com baixa
taxa de vacinação.
Vamos jogar na Mega da Virada? Na Mega da
morte
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