O Estado de S. Paulo
Lança-se hostil o 2026 de Arthur Lira; para Arthur Lira. Já este Natal de 2025 trouxe presente-revés para o ex-presidente da Câmara. A cassação de Glauber Braga lhe era objetivo pessoal. Foi derrotado, via censor Motta – talvez mesmo constante, no contrato que firmou pela ascensão de Huguinho, a cláusula-compromisso sobre o mandato do deputado psolista. Nada a ver com a agressão física geradora do processo. O menino não entregou. Perderam. Perdeu. (Aborrecido com a fraqueza do afilhado, o tutor Lira largou-lhe a mão.) Será a menor das derrotas.
A Operação Transparência, da Polícia Federal,
projeta-lhe um futuro ameaçador. Ao autorizar buscas e apreensões contra uma
ex-assessora de Lira, Flávio Dino preparou o campo, inscreveu os fundamentos,
para agir contra ele diretamente. Questão de tempo, se a investigação for
séria, se não for apenas mais uma investida para reafirmar o poder do STF sobre
o Congresso. Não é ex-assessora qualquer. Nem ex-assessora será, ora lotada no
gabinete da liderança do PP na Câmara. Ninguém é bobo.
Mariângela Fialek é Arthur Lira, gestora da
obra de engenharia que transformou emenda parlamentar em orçamento secreto; que
fez o esquema mudar de superfície sem prejuízo da causa, da emenda de relator à
emenda de comissão; que perverteu parcela bilionária do Orçamento em
propriedade privada, “direito adquirido”, de deputados e senadores; que
transtornou bilhões de reais em espécie de fundo eleitoral paralelo que,
disparado sem controle e fiscalização, seria também paraíso para
enriquecimentos nas pontas; que erigiu modalidade autoritária de exercício de
poder por meio da qual os donos do Parlamento, Lira entre esses poucos,
controlam a formação de maiorias controlando a distribuição do dinheiro –
controlando-escolhendo quem terá emendas para chamar de suas.
São investigados os crimes de peculato,
falsidade ideológica, uso de documento falso e corrupção envolvendo emendas
parlamentares. Segundo o procurador-geral da República, Fialek – que é Lira –
trabalhava em benefício de uma “provável” organização criminosa que praticava
delitos contra a administração pública. Dino autorizou a operação com base em
depoimentos de deputados – entre os quais Glauber Braga – e dados extraídos de
telefones celulares.
No despacho, o ministro – que às vezes
confunde controle de constitucionalidade com tesouraria de emendas
parlamentares – informou que “tais circunstâncias evidenciam fortes indícios de
que a representada integra uma estrutura organizada voltada ao indevido
direcionamento de emendas parlamentares, supostamente atuando sob ordens
diretas da antiga presidência da Câmara dos Deputados, exercida pelo deputado
Arthur Lira, fato que ainda está em apuração”.
Lira não é investigado. Ainda.

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