O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, já recebeu do governo indicações de que vai perder o cargo. A presidente Dilma Rousseff deve conversar hoje ou amanhã com o pedetista, há quase um mês alvo de denúncias. Na avaliação do governo, a situação do ministro ficou insustentável após a Folha revelar que ele acumulou ilegalmente duas funções públicas por cinco anos.
Governo indica a Lupi que sua situação é insustentável
Dilma deve chamar ministro para conversa definitiva entre hoje e amanhã
Pedetistas admitem perder o Trabalho, mas dizem não aceitar que a pasta vá parar nas mãos do PT, sigla ligada à CUT
Natuza Nery, Catia Seabra
BRASÍLIA - O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, já recebeu de interlocutores do governo a sinalização de que não há mais condições políticas de sua manutenção no cargo.
A presidente Dilma Rousseff, que retornou ontem de uma viagem à Venezuela, deve chamá-lo para uma conversa definitiva entre hoje e amanhã.
Em conversas com integrantes do Executivo, o próprio titular da pasta aparenta ter perdido as esperanças de permanecer e reconhece que está causando constrangimento à presidente da República. Em nenhum momento, porém, admitiu que pedirá demissão.
Nas conversas, o ministro do PDT ouviu a avaliação de que sua situação tornou-se insustentável após a Folha revelar que ele acumulou dois empregos públicos por quase cinco anos, em Estados diferentes, o que é vedado pela Constituição.
Ainda que o fato tenha ocorrido antes de seu ingresso na Esplanada, a avaliação é que sua permanência desmoralizaria o governo.
Na quinta, a Comissão de Ética da Presidência recomendou a exoneração do ministro, aumentando a pressão para sua derrubada.
Setores do PDT que vêm publicamente defendendo Lupi admitiam ontem perder a pasta, desde que ela não vá parar nas mãos do PT.
Isso porque há uma disputa entre as duas principais centrais sindicais do país: a Força Sindical, ligada a pedetistas, e a CUT, ao PT.
Uma das propostas é a indicação de um nome sem vínculo partidário, como um magistrado da área.
SUSPEITAS
Lupi foi o ministro alvo de acusações mais longevo do governo, resistindo com ajuda do Planalto desde 9 de novembro, após reportagem da revista "Veja" afirmar que assessores recebiam propina.
Cinco colegas seus -Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esportes)- tombaram logo após reveladas suspeitas de irregularidades.
O objetivo de Dilma era demiti-lo apenas na reforma ministerial, prevista para janeiro. Isso evitaria o constrangimento de ver seu sexto ministro cair por suspeita de irregularidades e a livraria de tratar antecipadamente da acomodação do PDT.
Mesmo que Lupi saia, ela decidiu que não tratará do espaço do partido agora para não precipitar outras mudanças. Tende a deixar no cargo o secretário-executivo, Paulo Roberto Pinto, até definir como serão as alterações e o seu grau de abrangência.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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