Os réus acusados de
comprar o apoio político de parlamentares no Congresso, entre eles o
ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, começam a ser julgados pelo STF nesta
semana, quando se completam dois meses do julgamento do mensalão. A Corte fecha
hoje a análise da conduta dos réus ligados ao PP, PTB, PMDB e PL (atual PR). O
ministro Dias Toffoli vai concluir seu voto sobre os beneficiários do
valerioduto e na sequência Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Carlos Ayres
Britto irão se pronunciar. A tendência é que na quarta-feira Joaquim Barbosa
comece a apontar quem considera culpado pela compra dos votos, em cuja fatia
está Dirceu.
STF inicia
julgamento de Dirceu, Delúbio e Genoino
Réus do núcleo político, acusados de comprar o apoio no Congresso devem
começar a ser julgados nesta semana
Eduardo Bresciani
Os réus acusados de comprar o apoio político de parlamentares no Congresso,
entre eles o ex-ministro José Dirceu, começam a ser julgados nesta semana pelo
Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte vai concluir nesta segunda-feira, 1, a
análise da conduta dos réus ligados ao PP, PTB, PMDB e PL (atual PR) e a
tendência é que na quarta-feira o ministro relator do caso, Joaquim Barbosa,
comece a apontar quem considera culpado pela compra dos votos, em cuja fatia
está Dirceu.
O julgamento completa nesta segunda dois meses com a realização da 30.ª
sessão. O ministro Dias Toffoli vai concluir seu voto sobre os beneficiários do
valerioduto e, na sequência, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e o presidente
da Corte, Carlos Ayres Britto irão se pronunciar. Como nesta etapa do
fatiamento existem 13 réus, a definição sobre o tema deve tomar toda a sessão.
Até agora, foram condenados nove réus neste capítulo, entre eles o deputado
federal Valdemar Costa Neto (PR-SP), o presidente licenciado do PTB, Roberto
Jefferson, e os ex-parlamentares Pedro Corrêa (PP), Carlos Rodrigues (PL),
Romeu Queiroz (PTB) e José Borba (PMDB). Deve se juntar a eles o deputado Pedro
Henry (PP-MT), que já foi considerado culpado por cinco ministros, restando
apenas um voto para confirmar sua condenação por corrupção passiva.
Capítulos. A maioria dos ministros já concordou com a acusação do Ministério
Público Federal de que o esquema incluiu a compra de votos no Congresso. O STF
já afirmou que os recursos do mensalão vieram de desvio de dinheiro público e
empréstimos bancários fraudulentos. A Corte também já condenou a montagem de um
sistema de lavagem de dinheiro pelo Banco Rural em parceria com o núcleo
publicitário, chefiado pelo empresário Marcos Valério.
A próxima questão a ser respondida pelos magistrados é quem foram os
responsáveis pela compra de apoio político. Além de José Dirceu, são acusados
de corrupção ativa o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio
Soares, o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto (PMDB), Valério e seus
ex-sócios, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, o ex-advogado das agências,
Rogério Tolentino, e as funcionárias da SMPB Simone Vasconcellos e Geiza Dias.
Barbosa vai construir seu voto destacando a ascendência de Dirceu sobre o
grupo. Vai demonstrar o papel do ex-ministro na montagem da base de apoio ao
governo Lula e sua posição de superioridade em relação aos dirigentes petistas.
Destacará os encontros mantidos por Dirceu com outros réus envolvidos na
engenharia financeira, como Valério e a cúpula do Rural, a ex-presidente Kátia
Rabello e o ex-vice José Roberto Salgado, todos já condenados em outros
capítulos.
O relator vai sustentar que Dirceu e o núcleo político se associaram a Valério
e ao Rural para usar na compra de apoio o mecanismo de distribuição de dinheiro
já implementado no mensalão mineiro, como é chamado o escândalo relativo à
campanha à reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas em 1998.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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