Antiga cúpula do PT em julgamento
Relator deve começar a ler o voto hoje
O cenário que o PT temia se confirmou.
Guilherme Mazui
BRASÍLIA - Na semana derradeira da corrida eleitoral, o julgamento do
mensalão chega a José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, trio que, segundo
a denúncia, teria liderado o esquema de compra de apoio político durante o
primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Com as condenações no retrovisor, a sigla traçou uma estratégia de
"redução de danos". Até o próximo domingo, data das eleições
municipais, a ordem é fazer o possível para tirar o mensalão do debate
político, principalmente em São Paulo, onde o alto clero do partido concentra
as forças na tentativa de levar Fernando Haddad para o segundo turno da disputa
pela prefeitura.
Até o momento, o julgamento tem se mostrado catastrófico para o partido,
empenhado desde 2005 em negar a existência do esquema, contramão do que indicou
o Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte ratificou o desvio de recursos
públicos, lavados por empréstimos fraudulentos, para cooptação de deputados.
Pavimentou o caminho para condenar quem teria subornado os parlamentares. No
caso, Genoino, Delúbio e, provavelmente, o ex-ministro José Dirceu.
Relator do processo, Joaquim Barbosa deve começar a votar sobre os réus petistas
na metade final da sessão de hoje. Antes, apesar de o colegiado já ter indicado
a culpa dos deputados que aceitaram propina, ainda faltam os votos dos
ministros Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Ayres Britto. Caso falte tempo,
Barbosa retoma a palavra na quarta-feira, penúltimo dia da propaganda eleitoral
na TV.
– Seria ótimo, já que os adversários teriam pouco tempo para explorar o
assunto – avalia um assessor do PT.
Mesmo com desgaste de imagem, a executiva nacional do PT acredita que o reflexo
do julgamento acaba reduzido pelo caráter paroquial das eleições municipais. No
entanto, a entrada de Lula na discussão indica o contrário. Na quinta-feira
passada, em ato da campanha de Haddad, o ex-presidente falou pela primeira vez
no mensalão. Em vez de negar o esquema, puxou o discurso para o combate à
corrupção e aproveitou para atacar o PSDB.
– Não tem que ficar com vergonha. No nosso governo, as pessoas são julgadas
e as coisas apuradas. No deles, tripudiam – afirmou.
Lula ofereceu argumento à militância petista, em resposta aos ataques que os
adversários farão até domingo, como avalia um interlocutor do partido:
– O partido acredita na força da militância. Se a militância se abalar, o PT
fica em situação delicada.
Fonte: Zero Hora (RS)
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