Presidente da Câmara diz que seu dever se restringe a convencer os deputados de que tema deve ser analisado
Após apelo de Dilma, governistas correm contra o tempo para votar medida antes que ela perca validade, na 5ª
Catia Seabra, Gabriela Guerreiro e Márcio Falcão
Um dia depois do apelo de Dilma Rousseff ao Congresso, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse ontem não saber se a Casa votará até terça a medida provisória que reformula o setor de portos.
Editado pelo governo em dezembro, o texto perde a validade se não for aprovado até quinta-feira pelo Legislativo. Para que o prazo seja cumprido, é necessário que os deputados concluam a votação até terça-feira, restando só um dia para análise no Senado.
Preocupada com a derrota política, a presidente aproveitou um discurso anteontem no Planalto para cobrar compromisso de deputados e senadores com o tema.
Segundo o governo, a MP original tem potencial para reduzir custos e atrair investimentos. O objetivo é estimular a competição entre portos privados e públicos, na esperança de solucionar assim um dos principais gargalos da infraestrutura do país.
A MP remove restrições que inibem as empresas que controlam terminais privados, e por isso enfrenta a oposição de concorrentes que exploram áreas dentro de portos públicos e sindicatos de trabalhadores.
Além disso, políticos como o governador Eduardo Campos (PSB-PE), se opõem ao projeto do governo porque ele transfere para o governo federal a condução de licitações de novos terminais em portos públicos estaduais, como o de Suape (PE).
Convocação
Na tentativa de atender a Dilma, Eduardo Alves disparou telefonemas aos líderes das bancadas governistas cobrando a presença dos parlamentares em Brasília na segunda-feira.
As primeiras respostas, porém, indicam que haverá dificuldades para a votação na segunda. Também há risco de não ser concluída na terça.
Eduardo Alves não se comprometeu com o teor do texto. "O que vai sair da votação aí não me compete. Meu dever é tentar convencer a Câmara da necessidade de votar. A Casa tem dever de votar. Não cabe o silêncio numa matéria como esta", disse
Apesar de ser maioria na Casa, a base governista está dividida sobre o tema.
O líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), por exemplo, afirmou que só vai reunir a bancada na terça-feira.
Cunha apresentou uma emenda que recebeu críticas do governo. O líder do PR, Anthony Garotinho (RJ), disse que a emenda era uma "MP dos Porcos", pois atenderia a interesses econômicos.
O embate entre os deputados fluminenses inviabilizou a votação na semana passada. Responsabilizado pelo Planalto pela queda de braço, Cunha disse que seguiu a posição da bancada.
A emenda do líder peemedebista, que reúne sugestões do PSB, do PDT e do DEM, não tem aval do Planalto. Para o governo, ela atinge a espinha dorsal da MP original.
Pela proposta de Cunha, as autorizações para explorar os terminais privados deixariam de valer por tempo indeterminado e passariam a ter duração de 25 anos, prorrogáveis por igual período.
A autorização para construção de terminais privados também não seria feita por chamada pública, mas por licitação. Além disso, as empresas só poderiam contratar trabalhadores ligados aos órgãos gestores de mão de obra.
Fonte: Folha de S. Paulo
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