Líderes do PPS e do PSDB condenam fala de petista no sábado
Luiza Damé e Carolina Brígido
BRASÍLIA — As críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Supremo Tribunal Federal (STF) não passam de amargura, na avaliação da oposição. No sábado, ele atacou os ministros da Corte por darem declarações públicas sobre o processo do mensalão após o julgamento. Para o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), os ataques de Lula mostram que ele esperava que os ministros por ele indicados ao STF absolvessem os petistas no julgamento do mensalão. Já o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), disse que falta compostura ao ex-presidente.
O deputado Rubens Bueno avalia que Lula não está em sintonia com as manifestações da população, que pede o fim da corrupção no país.
— Será que a intenção de Lula era que os ministros indicados por ele livrassem a cara da companheirada, que os envolvidos saíssem ilesos? — disse Bueno.
— Lula não é o mais credenciado para exercer o papel de corregedor do Judiciário. Trata as questões do Judiciário sem compostura. O que o descredencia é exatamente a crítica desrespeitosa ao tribunal pelo fato de ter condenado seus companheiros no mensalão. Esse comportamento é fruto do ressentimento pela condenação de seus companheiros — disse o líder tucano.
Bueno reconheceu o direito de Lula de “se solidarizar com os companheiros condenados”, mas argumentou que ele dá um péssimo exemplo quando acusa o STF ter feito um julgamento político dos mensaleiros.
— Ele está esperneando porque sua estratégia não deu certo. Não houve perseguição. Foi dada ampla defesa a todos os réus. A sociedade se sente contemplada com esse julgamento porque a justiça foi feita — afirmou o líder do PPS.
O senador tucano lembrou a “chamada” do rei Juan Carlos da Espanha no então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em dezembro de 2007, na cúpula ibero-americana, em Santiago (Chile), e aconselhou Lula a ficar calado:
— Por que não te calas?
O vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR), por sua vez, concorda com as declarações do ex-presidente Lula.
— Falou o óbvio. Os caras, em vez de opinar nos autos, opinam em público. Joaquim Barbosa (presidente do STF) e Gilmar Mendes (ministro do tribunal) são especialistas nisso. Falta postura, na minha opinião. Os ministros têm o poder que a Constituição determina. O problema é o comportamento de um ou outro — disse o parlamentar.
Na semana passada, Gilmar afirmou que há indícios de lavagem de dinheiro na arrecadação de petistas para pagar as multas às quais eles foram condenados no mensalão. O ex-deputado José Genoino (PT-SP) e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares lançaram mão do artifício para conseguir os recursos que somaram quase R$ 2 bilhões.
— E se ficar provado que não tem nenhuma irregularidade! Ele vai responder por isso? É fácil fazer ilações em relação a um partido e depois ficar por isso mesmo — reclamou Vargas.
Para o parlamentar petista, se um ministro comenta um processo publicamente, não tem isenção para julgá-lo:
— Está muito comum isso no Brasil: todo mundo dá palpite e, depois, não tem a isenção necessária para julgar. É a Suprema Corte, é a última instância! Na Suprema Corte dos Estados Unidos não pode nem tirar foto da sessão. Aqui, os caras ficam dando pitaco.
Lula viaja nesta segunda-feira pela manhã para Nova York, nos Estados Unidos. Na terça-feira ele se encontra com o ex-presidente americano Bill Clinton na Fundação Clinton na terça-feira. Ministros do STF procurados pelo GLOBO não quiseram comentar as declarações de Lula.
Fonte: O Globo
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