César Felício
BRASÍLIA - O acirramento do conflito entre o PMDB e o governo federal pode levar o PT a rever sua estratégia eleitoral no Ceará e lançar candidato próprio ao governo estadual. O escolhido, segundo dirigentes petistas, seria o deputado estadual Camilo Santana, quadro sem tradição no partido e vinculado ao governador Cid Gomes (Pros). Até agora, o PT priorizava a eleição ao Senado, para a qual se lançou o vice-presidente nacional da sigla, o deputado federal José Guimarães. O partido acertou apoiar qualquer indicação de Cid e chegou a soltar um manifesto contra a candidatura própria. A tese de um nome petista só era defendida pela ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, minoritária no partido. O assunto deve ser discutido entre o PT e o governador até sexta-feira. Pela nova fórmula, Cid se desincompatibilizaria e disputaria o Senado.
Com a candidatura própria, o PT confia que o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) poderia desistir de concorrer contra a coligação de forças comandada por Cid Gomes, já que um embate direto com um petista colocaria a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula contra uma candidatura do PMDB no Estado. Caso a articulação prospere, será a segunda ofensiva contra a pretensão do pemedebista. A primeira aconteceu no mês passado, com o convite presidencial para que Eunício se tornasse ministro da Integração Nacional, substituindo um técnico ligado ao governador cearense.
Eunício recusou o convite e começou a discorrer em público sobre a possibilidade de se aliar durante a campanha ao PSDB do senador Aécio Neves (MG), ou ao PSB do governador pernambucano Eduardo Campos, prováveis adversários de Dilma na eleição presidencial. Mas a aposta do pemedebista é a de obter o apoio tanto do PT quanto de Cid, em um cenário em que Dilma e Lula entrariam em campo para garantir a aliança entre PT e PMDB. Cid retarda a definição sobre seu substituto.
Além da candidatura petista, há uma outra alternativa imaginada no Ceará para tentar tirar Eunício do caminho: lançar o prefeito de Fortaleza Roberto Claudio, também do Pros. Seu vice, Gaudêncio Lucena, é do PMDB e foi indicado por Eunício, que herdaria assim a prefeitura da capital do Estado.
Fonte: Valor Econômico
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