- Folha de S. Paulo
RECIFE - O temor de petistas acabou se confirmando. Mal tinham se aproximado do caixão de Eduardo Campos, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram alvos de uma forte, porém curta, vaia vinda de populares.
A reação negativa foi logo abafada por intensos aplausos, iniciados por pessoas que estavam nos espaços destinados a familiares --Marina Silva era a única política ali presente-- e autoridades, e distribuídos pela plateia.
Antes mesmo da chegada da presidente e de Lula ao Palácio Campo das Princesas, local da cerimônia fúnebre, petistas comentavam que o clima era muito hostil.
Lula chorou ao se aproximar do caixão para amparar a viúva e os filhos de Campos. "É um momento triste para o Brasil", disse ele a políticos. "É preciso ter força e ter fé", acrescentou em outro momento. À Folha, Dilma apenas elogiou a força da mulher e dos filhos de Eduardo Campos.
O presidenciável Aécio Neves (PSDB), também presente, evitou comentários sobre a eleição: "Nunca imaginei uma construção de futuro no Brasil em que não estivéssemos juntos", afirmou, acrescentando que "precisamos honrar os ideais de Eduardo".
No início da noite, sem estar mais no Recife, Dilma voltou a ser vaiada no cemitério enquanto a população aguardava o caixão de Eduardo Campos. Houve gritos de "Fora Dilma, agora é Marina".
Reservadamente, um assessor de Dilma comentou que sua equipe já havia identificado, entre populares, a disposição de vaiar a presidente, que criticara o rival Campos dias antes de sua morte.
Um amigo de Lula, em conversa durante a cerimônia, disse que ele estava triste por não ter se reconciliado com seu antigo amigo. Lula e Campos, lembrou ele, eram dois grandes companheiros, mas que estavam passando por momentos de distanciamento diante da decisão do ex-governador de Pernambuco de disputar a Presidência.
Quando as vaias terminaram, um familiar de Campos reprovou o gesto. Disse que Dilma não precisava ter ido ao velório, embora tivesse feito questão, e que bastava uma mensagem à família.
Este mesmo parente reclamou que a presidente comparecera ao enterro com uma equipe de TV a tiracolo, sugerindo que ela fosse usar as imagens na campanha eleitoral. O governo, porém, negou que uma equipe da campanha tenha feito imagens. Quem acompanhou Dilma foi um grupo da NBR, TV que registra eventos em caráter oficial.
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