- Valor Econômico
RECIFE, SÃO PAULO e BRASÍLIA - Marina Silva, virtual candidata do PSB à Presidência da República, começou a sua campanha eleitoral este ano em meio ao velório e enterro do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, em Recife. Foi a maior manifestação política da história de Pernambuco - 160 mil pessoas tomaram as ruas ao redor do Palácio do Campo das Princesas e o cemitério de Santo Amaro. A primeira luta de Marina é pelo controle da própria campanha e da candidatura.
A escolha do novo nome para a vice-presidência deverá ser definido até quarta-feira, em reunião da Executiva em Brasília e passará por Renata Campos, viúva de Eduardo Campos, que convocou reunião da cúpula do partido amanhã, dia de seu aniversário. Renata foi convidada para ser candidata a vice com a anuência de Marina, mas a expectativa é que não aceite. O mais cotado para ser companheiro de chapa é o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS).
Os líderes do PSB negociam com Marina um conjunto de concessões em troca da candidatura, que envolve alianças regionais e alterações nos conteúdos das próprias propostas da candidata. De acordo com um governador da sigla, "desta vez Marina vai disputar para ganhar, não para marcar posição e isso envolve concessões com todo mundo".
O PSB vai relatar e pedir de Marina uma posição clara sobre os acordos regionais feitos por Eduardo, entre os quais o de São Paulo figura como um dos mais importantes, em que PSB e PSDB estão juntos no maior colégio eleitoral do país, contra a vontade de Marina - de resto pouco simpática a alianças com os tucanos. Marina deve recepcionar todos os acordos feitos por Campos, mas até agora não garantiu que fará campanha para os candidatos de acordos com os quais não concordou.
Para dirigentes do PSB, essa é uma questão vital para uma candidatura que dispõe de condições de vencer a corrida presidencial, como é consenso no partido. Uma candidata competitiva como Marina não poderia ficar sem campanha no maior Estado da federação. O mesmo ocorre em relação ao Rio de Janeiro, onde o deputado federal Romário Faria (PSB), montou sua candidatura ao Senado em aliança com o candidato do PT ao governo do Estado, Lindbergh Farias.
A entrada de Marina na disputa muda a estratégia eleitoral de seus rivais. A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, deve reforçar a agenda "desenvolvimentista". Na campanha de Aécio Neves (PSDB), um argumento já está pronto para ser usado contra a ex-senadora. O alvo é sua capacidade e experiência como gestora e seu preparo para discutir temas econômicos com profundidade. O que os tucanos dirão é que Marina não está suficientemente habilitada em nenhuma dessas áreas.
Ao encontrar o ex-ministro Ciro Gomes ontem no velório, Marina sinalizou predestinação: "Essas coisas não acontecem por acaso, mas sim em nome de algo maior". Num num gesto de reaproximação, Marina arrematou: "Tenho saudade do Ciro que me ajudou."
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