• Presidente garante seis vagas para o aliado e deve tirar lulistas do Planalto
• Além de ganhar uma pasta, peemedebistas conseguiram trocar Previdência por Portos, com maior visibilidade
Natuza Nery, Márcio Falcão – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta terça-feira (23) a escolha de 13 novos ministros para seu segundo mandato, formando uma equipe com maior influência no Congresso, consagrando a hegemonia do PMDB na área de infraestrutura e reduzindo o espaço do seu partido, o PT.
Dilma acomodou peemedebistas em seis ministérios: Agricultura, Pesca, Turismo, Aviação Civil, Portos e Minas e Energia. O PMDB ganhou em volume e qualidade, pois controlava cinco pastas e trocou a Previdência Social pela Secretaria de Portos, pasta com maior visibilidade política.
Com o anúncio desta terça, Dilma já definiu os ocupantes de 17 dos 39 ministérios. Seu segundo mandato terá início na próxima semana, com a posse quinta-feira (1º).
O objetivo do Palácio do Planalto com as indicações é ampliar sua interlocução com o Legislativo, uma das grandes dores de cabeça do primeiro mandato de Dilma. Os escolhidos, no PMDB e nos outros partidos aliados, têm mais respaldo de suas bancadas na Câmara e no Senado.
Dilma precisará de apoio no Congresso para aprovar medidas que sua nova equipe econômica estuda, como mudanças na Previdência Social e aumentos de impostos.
O PT perderá o controle do Ministério da Educação pela primeira vez desde a chegada do partido ao poder. O governador do Ceará, Cid Gomes (Pros), será o novo ministro. Aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva perderão espaço nos gabinetes do Palácio do Planalto.
Os petistas já tinham ficado contrariados com a escolha de Dilma para o Ministério da Fazenda, Joaquim Levy, um economista de perfil conservador que colaborou discretamente com os tucanos na campanha eleitoral.
O atual ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, está cotado para assumir as Comunicações, onde o PT quer tentar viabilizar um ambicioso projeto de regulação da mídia, mas sua indicação não foi confirmada.
O governador petista da Bahia, Jaques Wagner, que encerra seu mandato na semana que vem, será o próximo ministro da Defesa. Sua responsabilidade será coordenar as Forças Armadas, mas ele também quer influir em assuntos políticos e na coordenação do governo.
Dilma conseguiu atrair para sua equipe alguns nomes de destaque. Além de Cid Gomes e Jaques Wagner, que conseguiram eleger seus sucessores nos Estados, seus assessores apontam Kátia Abreu (Agricultura), Gilberto Kassab (Cidades), Joaquim Levy e o novo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.
Na avaliação dos assessores, as mudanças deram densidade à equipe econômica, em comparação com o início do primeiro mandato de Dilma, em 2011, quando Guido Mantega estava na Fazenda.
No Palácio do Planalto, o petista Aloizio Mercadante seguirá à frente da Casa Civil e da coordenação do governo. Apesar do prestígio com a presidente, até petistas admitem que ele não tem a mesma influência no mercado e no meio empresarial que Antonio Palocci, o primeiro gerente de Dilma, afastado antes de fazer um ano no cargo.
O PT não perde sozinho com a formação da nova equipe de governo. O ex-presidente Lula deve ficar sem representantes de sua confiança no Planalto. Além da provável substituição de Berzoini na articulação política, Gilberto Carvalho deixará a Secretaria-Geral da Presidência, dando lugar a Miguel Rossetto.
O deputado Pepe Vargas (RS) é cotado para o lugar de Berzoini. Ele e Rossetto são de uma corrente ideológica menos expressiva no PT, a Democracia Socialista, que não se alinha com a cúpula do partido e os aliados de Lula.
Apesar de contemplado com mais ministérios, o PMDB deve continuar criando dificuldades para Dilma no Congresso, onde ela terá de lidar com a influência do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está em campanha para ser o próximo presidente da Câmara e é visto como um aliado distante do Planalto.
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