Fernanda Krakovics, Luiza Damé e Catarina Alencastro – O Globo
As negociações da reforma ministerial emperraram ontem no PT. A intenção da presidente Dilma Rousseff de nomear o deputado Pepe Vargas (PT-RS) para comandar a articulação política desagradou o ex-presidente Lula e gerou uma crise na corrente majoritária do PT, a Construindo um Novo Brasil. Integrante da ala Democracia Socialista, que atua em conjunto com a segunda maior corrente petista, a Mensagem, Pepe não circula nem no PT nem nos demais partidos. É um deputado de pouca expressão política e não é considerado à altura da função por Lula nem por dirigentes petistas.
Ao lado da equipe econômica, a articulação política do governo é a principal preocupação de Lula, considerada fundamental para o sucesso do segundo mandato de Dilma. O ex-presidente está apreensivo com a atuação da oposição no Congresso a partir do próximo ano, que deve ser mais aguerrida; com as rebeliões da própria base aliada; e com eventual crise política gerada pelo escândalo de corrupção na Petrobras.
- O dia a dia do governo será conduzido por Mercadante e pela DS (Democracia Socialista) - reclamou ontem um dirigente do PT.
Braço-direito de Dilma, o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) não atua como representante do PT no governo, é criticado no partido pela suposta falta de traquejo político e tem sido alvo de reclamações por "monopolizar" a presidente.
O único nome do PT confirmado ontem foi o de Jaques Wagner, para a Defesa. A expectativa no partido, e dele próprio, era ocupar uma pasta de maior peso político.
Na cota do PT, a intenção de Dilma ontem era deslocar o ministro Ricardo Berzoini da Secretaria de Relações Institucionais para as Comunicações; e nomear o deputado eleito Patrus Ananias (MG) para o Desenvolvimento Agrário; além de transferir o ministro Miguel Rossetto do Desenvolvimento Agrário para a Secretaria Geral da Presidência.
No PMDB, o clima também não era de festa, apesar de o partido ter aumentado sua participação de cinco para seis ministérios. Os peemedebistas queriam pastas com orçamentos maiores e mais peso político. A bancada do PMDB no Senado só ficou satisfeita com a ida do senador Eduardo Braga (PMDB-AM) para o Ministério de Minas e Energia. Apesar de estar em sua cota, as nomeações de Kátia Abreu (Agricultura), Helder Barbalho (Pesca) e Vinícius Lages (Turismo) são consideradas "barrigas de aluguel".
Recém-filiada ao PMDB, Kátia Abreu é considerada pelos senadores peemedebistas como da cota pessoal de Dilma. A bancada também não se sente representada por Lages, indicado por Renan Calheiros (PMDB-AL), e por Helder, emplacado pelo pai, Jader Barbalho (PMDB-PA). Já o PMDB da Câmara queria o Ministério da Integração Nacional, mas acabou ficando com o deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS) na Aviação Civil e o deputado Edinho Araújo (PMDB-SP) na Secretaria dos Portos, que tem status de ministério.
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