- Folha de S. Paulo
O ministro da Cultura, Juca Ferreira, está irritado com o tom dos protestos contra o governo. Na contramão de colegas que evitaram criticar os atos do último dia 15, ele afirma que as manifestações deram voz à direita radical e "remexeram o lodo da sociedade".
Filiado ao PT, o ministro se diz indignado com o que chamou de "demostrações de ódio" ao partido. Ele cita uma imagem que correu a internet: dois bonecos de Lula e Dilma pendurados por cordas no pescoço em Jundiaí, no interior paulista.
"Parece que remexeram o lodo da sociedade. Boneco enforcado em praça pública, gente defendendo golpe militar. Um horror", critica.
Para Juca, os grupos que pediram a saída da presidente, reeleita em outubro, flertaram com o "golpismo". Ele considera que defender o impeachment é "uma bobagem".
"Quem perde as eleições tem que se conformar", diz. "Isso é uma tentativa de interromper o processo democrático. A qualquer dificuldade, querem derrubar o governo. No futebol é assim: o time perde dois jogos e o técnico dança. Querem igualar o Brasil ao Campeonato Brasileiro."
Segundo Juca, a oposição "não pode se associar a tendências obscuras". O partido Solidariedade, que apoiou o tucano Aécio Neves em 2014, coleta assinaturas a favor do impeachment. "Isso é se associar ao lodo", ataca o ministro. "A presidente foi eleita e não vai ser meia dúzia de malucos que vão derrubá-la."
Para ele, os protestos foram maiores em São Paulo porque o Estado é "o principal reduto do maior partido da oposição", o PSDB. Juca também reconhece que há um forte "mal-estar" com a economia e que o ajuste fiscal "vai demorar a fazer efeito".
Apesar disso, o ministro diz não estar preocupado com o tombo na popularidade de Dilma. "Outros governos já sobreviveram a crises como essa", diz ele. "Na turbulência, tem gente que acha que o avião vai cair. O que o comandante faz? Manda apertar o cinto e avisa que vai passar."
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