• Governo quer pôr um peemedebista no cargo para tentar pacificar relação com aliado
Gabriela Guerreiro – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Enfrentando uma crise política com o Congresso, a presidente Dilma Rousseff não conseguiu encontrar entre seus aliados, mais de cem dias depois de sua posse, um nome para ocupar a liderança do governo no Senado.
O cargo é considerado estratégico porque cabe ao líder do governo defender os interesses do Planalto na Casa --hoje comandada por Renan Calheiros (PMDB-AL), que tem enviado recados e feito sucessivas ameaças de retaliação à petista.
A intenção de Dilma é nomear um peemedebista para tentar conter a rebelião do partido contra o Planalto.
O problema: ainda não surgiu nenhum nome alinhado à presidente e capaz de pacificar a relação com o seu principal aliado no Congresso.
Recentemente, ganhou força o nome de Jader Barbalho (PMDB-PA), mas o Planalto teme reações. Ele renunciou ao mandato em 2001 e foi preso no ano seguinte acusado de desviar recursos. Também é considerado um parlamentar ausente, com atuação maior nos bastidores.
Conhecido como "eterno líder do governo" no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) tem o perfil considerado "ideal" pelos colegas, mas rejeita a ideia de defender o Planalto e tampouco tem o seu apoio.
O peemedebista, que foi líder do governo da petista em seu primeiro mandato, declarou voto em Aécio Neves (PSDB-MG) em 2014 e se tornou crítico ao Executivo.
Em 2012, Dilma tirou Jucá do cargo para cedê-lo a Eduardo Braga (PMDB-AM), atual ministro de Minas e Energia. Desde que Braga deixou o Senado para ocupar a pasta, a liderança está vaga.
O líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), também foi sondado, mas prefere não acumular as duas funções para não desagradar o partido.
Com a transferência da coordenação política do governo para o vice Michel Temer, presidente do PMDB, aliados esperam que a situação seja solucionada.
Insatisfação
A irritação de Renan com o Planalto começou depois que o nome do senador foi incluído entre os dos políticos investigados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na Operação Lava Jato.
O presidente do Senado também não digeriu a troca de seu afilhado político, Vinícius Lages, pelo ex-presidente da Câmara Henrique Alves no Ministério do Turismo, e acusa o governo de fragilidade em sua articulação com o Legislativo.
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