- Folha de S. Paulo
Em fase de desapego forçado, guiada muito mais pelas circunstâncias, Dilma Rousseff entregou primeiro o comando da economia ao liberal Joaquim Levy e, depois, da política ao seu vice e peemedebista, Michel Temer.
Agora, em busca de uma agenda positiva para não ficar falando só de ajuste, ela deveria, nos sonhos do empresariado, escalar novo degrau em sua fase de desprendimento e esquecer seu estilo intervencionista no programa de privatização.
Significa acabar com as tentações de fixar taxas de retorno de projetos e de forçar a adoção de modelos de investimentos inviáveis, marcas do seu primeiro mandato no Planalto.
Mais uma vez, de olho no cenário atual, o melhor caminho para petista seria desapegar ainda mais. Sem dinheiro público para bancar investimentos, seu poder de intervenção está, hoje, bastante reduzido.
Afinal, por causa da gastança do primeiro mandato, seu espaço para adotar sua filosofia preferida, de que a mão forte do Estado deve conduzir a tudo e a todos na economia, desapareceu por completo.
Pelo menos é o que aponta a nova realidade do país, à qual a presidente Dilma, por uma questão de sobrevivência, busca de adaptar --um tanto a contragosto, alfinetam adversários e pretensos aliados.
Um dos beneficiados com a mudança forçada da presidente sai em defesa da chefe, refutando as críticas de que ela terceirizou o governo e virou uma rainha da Inglaterra, um fantasma no Planalto.
Diz que ela está fazendo exatamente o que todos reivindicavam durante todo o primeiro mandato, deixando de ser tão centralizadora e delegando mais, passando a ocupar o papel de cobradora de resultados.
Não deixa de ser uma forma diferente de olhar a realidade, mas o fato é que a conjuntura obrigou a petista a compartilhar poder neste começo de segundo mandato. A dúvida é se o altruísmo dilmista veio para ficar ou será apenas um recuo tático.
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