• Último presidente de construtora acusada por Barusco de transferir propinas tinha conexão com 2,7 mil firmas
Thiago Herdy – O Globo
Dirigentes de uma das empresas investigadas pela Polícia Federal na operação Lava-Jato, sediada no Panamá, eram, segundo registros oficiais, ligados a milhares de firmas. Presidente da Construtora Del Sur de 2009 até 2014 (quando foi fechada), Asterio Caballero Ibarra já participou da direção de 2,7 mil empresas no Panamá. Situação semelhante à do secretário Berta Acoca de Patton, com 7,2 mil empresas e a do tesoureiro, Oriel F. Kennion, com 2,4 mil. Os documentos, obtidos pelo GLOBO, reforçam as suspeitas da PF de que a empresa funcionava apenas no papel.
A construtora Del Sur foi acusada na delação premiada do ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco de ter sido utilizada pela Odebrecht para "efetivar transferências" de propinas para sua conta. A Del Sur foi aberta pelo mesmo escritório de advocacia que prestou serviço para a Odebrecht no Panamá. Segundo documentos do Registro Público do país, o escritório Patton, Moreno & Asvat foi o responsável por abrir a Del Sur em 2006 e fechá-la em agosto de 2014, em meio às investigações da Operação Lava-Jato.
Barusco afirmou ter recebido US$ 916,6 mil em propinas da Odebrecht em 2009, em conta registrada em seu nome no Panamá. Extratos bancários entregues por ele apontam que o dinheiro saiu de uma conta da Del Sur.
Por meio de nota, a Odebrecht negou ter vínculo com a Constructora Internacional Del Sur ou ter feito pagamentos à empresa: "Não são verdadeiras notícias que atribuem à Odebrecht a responsabilidade por pagamentos efetuados no exterior aos réus confessos Alberto Youssef e Pedro Barusco".
Perguntada sobre sua relação com o escritório Patton, Moreno & Asvat, a Odebrecht primeiro afirmou que "não identificou prestações de serviços do escritório de advocacia"! O GLOBO questionou, então, a participação do escritório na emissão de títulos para a Odebrecht Offshore Drilling Finance Ltd. em agosto de 2013. A empresa confirmou a operação, mas alegou não ter sido ela a contratar formalmente o escritório panamenho, e sim o banco que intermediou a emissão de títulos.
Atualmente, o desafio dos investigadores da Lava-Jato é rastrear, com a ajuda de autoridades internacionais, a origem do dinheiro da Del Sur.
Responsável legal pela Del Sur, o Patton, Moreno &Asvat atua em áreas como direito marítimo, administrativo, corporativo e financeiro. O escritório foi contratado há cerca de um ano e meio para representar no Panamá os interesses da Odebrecht Offshore Drilling Finance Ltd., controlada pela Odebrecht Óleo e Gás S/A, na emissão de US$ 1,69 bilhão de títulos para financiamento de operações marítimas.
— Por agora, não existem trâmites presentes ou futuros com a Odebrecht na parte marítima — disse ao GLOBO Belisario Porras, advogado do escritório.
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