Apesar de toda a pesada carga colocada sobre os ombros dos brasileiros pelos erros passados do governo... Apesar do alto custo dos ajustes recessivos aplicados na economia para corrigir aqueles equívocos... Apesar disso tudo, o Brasil real teimosamente se move na direção certa — e em várias frentes. Na frente política, é motivo de júbilo a aprovação pelo Senado Federal do projeto de voto distrital de autoria do senador José Serra (PSDB-SP). A tão esperada divulgação do balanço auditado da Petrobras, dias antes de se esgotar o prazo legal, é um passo significativo rumo à normalização das atividades da empresa brasileira, um gigante mundial que extrai 2,3 milhões de barris de petróleo por dia. Trazem o mesmo efeito regenerador os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrando uma melhora na criação de postos de trabalho na economia brasileira. Também não se pode desprezar o fato de que se tenha estabilizado o índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Tudo resolvido, então? Longe disso. Como um lutador de boxe nas cordas, o Brasil não venceu a luta, mas ganhou um tempo para respirar. O nocaute, que parecia inevitável, pode resultar em derrota, ou até vitória, por pontos no fim do ano. Os eventos e os dados animadores da semana passada são dignos de nota porque vieram em meio a um mar de ceticismo e pessimismo com os prognósticos para o ano de 2015. São pequenos avanços, mas altamente significativos.
O voto distrital que passou no Senado valerá, se confirmado pela Câmara dos Deputados, apenas para as eleições de vereadores em cidades com mais de 200 000 eleitores. Pelo seu efeito de aproximar o eleitor do eleito, diminuindo o abismo entre o povo e o Poder Legislativo, essa primeira experiência de voto distrital no país, mesmo que restrita a municípios, vai servir de vitrine para a ampliação do sistema aos demais colégios eleitorais. A divulgação do balanço da Petrobras, com o reconhecimento dos prejuízos bilionários impostos pela corrupção e pela ingerência governamental, permite encerrar um capítulo sombrio da empresa. É irrelevante que o Inec só tenha deixado de cair em março? Não é o caso de soltar foguetes, mas é um alento depois de o índice ter apresentado queda por quatro meses consecutivos. O mesmo raciocínio vale para o Caged, pois, após três meses em declínio, o mercado de trabalho fechou o mês de março com saldo de 19 282 vagas.
Fica em secundaríssimo plano e restrito ao terreno da especulação se esses sinais positivos da semana passada serão bons para o partido A ou B ou se quem mais se beneficiará deles será o governo ou a oposição. VEJA acredita que, quando o cenário político e econômico melhora, isso é bom para todos os brasileiros. Ponto.
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