• EUA, China, Japão, Índia e Argentina estão entre destinos programados
Simone Iglesias, Eduardo Barretto - O Globo
BRASÍLIA - Enquanto comanda um governo ainda provisório, o presidente interino, Michel Temer, já tem uma extensa agenda de viagens para visitas de Estado e participação em eventos globais, como a abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Além de contribuir para atrair investimentos e celebrar acordos comerciais, essa agenda externa vai servir para Temer mostrar que o impasse do impeachment terá acabado, e que o peemedebista terá postura mais aberta ao mercado.
A presença na Assembleia Geral da ONU, por exemplo, é tida historicamente pelos governos brasileiros das mais importantes do ano, pois é quando o país ganha protagonismo, com o presidente fazendo o discurso principal da abertura.
Depois da ida à China, de 2 a 6 de setembro — viagem que ainda atormenta o Palácio do Planalto por causa do calendário do julgamento final do impeachment —, Temer irá a Nova York, para discursar na Organização das Nações Unidas, de 15 a 17 de setembro. No período em que ficará na China, poderá fazer uma rápida reunião bilateral com o presidente da Argentina, Mauricio Macri, desta vez já como presidente de fato.
O Planalto trabalha para que o peemedebista vá a Buenos Aires entre o fim de setembro e o início de outubro.
Depois, já está programado um tour pela Índia, para encontro dos Brics, viagem que estenderá ao Japão, para mais uma visita de Estado. Estão reservados seis dias na agenda presidencial para os dois países. Na agenda em formação, há também viagem à cidade de Cartagena, na Colômbia, para a XXV Cúpula Ibero-Americana, que será nos dias 28 e 29 de outubro. Nessa viagem, terá que enfrentar em reuniões de trabalho chefes de Estado hostis, aliados ao PT, como Rafael Correa (Equador), Nicolás Maduro (Venezuela), Daniel Ortega (Nicarágua), Evo Morales (Bolívia ) e Raúl Castro (Cuba).
Com essa agenda de viagens, o Planalto espera, a um só tempo, afastar a imagem de instabilidade política do Brasil internacionalmente e apresentar Michel Temer como um presidente afeito a negociações comerciais, buscando um contraponto à presidente afastada, Dilma Rousseff.
O governo também terá de planejar viagens dentro do Brasil. Nos cem dias de governo interino, Michel Temer viajou apenas para três estados: São Paulo, Rio e Paraná. São Paulo, onde tem casa e escritório, é destino constante nos fins de semana. O Rio tornouse essencial por conta da Olimpíada. A ida ao Paraná foi para inaugurar uma fábrica de celulose, com empresários.
Com a popularidade superior à de Dilma, mas ainda engatinhando, o Planalto também espera que a aprovação de Michel Temer aumente neste fim de gestão até dezembro de 2018, e que as viagens ao Nordeste deixem de ser tabu para o presidente. Isso porque o peemedebista ainda não teve contato direto com a população cara a cara, nas ruas. No primeiro teste popular, na abertura da Olimpíada, no Maracanã, foi vaiado. Auxiliares do presidente esperam que a efetividade dele na Presidência alcance — dentro e fora do Brasil — a “repactuação” tão propagada por Temer.
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