• Líder nas pesquisas, tucano é atacado por Erundina, mas troca gentilezas com candidata do PMDB, que disputa com Russomanno e Haddad vaga no 2º turno
Ricardo Galhardo Pedro Venceslau Valmar Hupsel Filho Marianna Holanda Julianna Granjeia - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - O último debate antes da votação em primeiro turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo, promovido na noite de ontem pela TV Globo, foi marcado por uma espécie de “dobradinha” entre o candidato do PSDB, João Doria, e a candidata do PMDB, Marta Suplicy.
Na busca por uma vaga no segundo turno, a peemedebista evitou entrar em confronto direto com o tucano, líder da disputa na capital paulista, que, na avaliação das campanhas adversárias, já teria assegurado a vaga na etapa final da campanha.
Em pelo menos quatro momentos, Marta e Doria trocaram impressões críticas à administração do prefeito e candidato à reeleição Fernando Haddad (PT) sobre ações na periferia, habitação, pichações e saúde pública.
Conforme a mais recente pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, divulgada anteontem, Doria tem 28% das intenções de voto, seguido por Celso Russomanno (PRB), com 22%; Marta aparece com 16%, em empate técnico com Haddad (13%). A candidata do PSOL, a ex-prefeita Luiz a Erundina, está com 5% das intenções de voto.
No primeiro bloco, a candidata do PMDB perguntou para Doria com tema livre. Ambos formaram uma tabelinha para atacar a gestão de Haddad, mas sem citá-lo nominalmente.
“Na atual gestão, a Prefeitura virou as costas para a periferia. Não entregou o que prometeu. Dos 20 CEUs (Centros Educacionais Unificados), entregou um, das 49 UBS (Unidades Básicas de Saúde), entregou muito menos. Qual é a sua proposta para a periferia?”, questionou a peemedebista. “A Prefeitura prometeu muito e cumpriu pouco. Deixou a desejar. Não é justo que mais de 500 mil pessoas estejam esperando por exames. Não é razoável que mais de 103 mil crianças estejam fora das creches”, respondeu Doria.
Marta então emendou prometendo: “Vamos entregar muito do que foi prometido pela gestão anterior”. “Vamos entregar 14 CEUs (criados na gestão Marta).” O tucano encerrou a sequência exaltando o CEU. “Considero o CEU um bom programa, que você iniciou e o prefeito Haddad tentou ampliar, mas não conseguiu. Vamos ampliar.”
Em seguida, Russomanno perguntou para Erundina sobre políticas para pessoas com deficiência. Ela aproveitou a deixa para criticar contra Doria, que na campanha disse que acabaria com a secretaria do setor, mas depois recuou. “Sabemos que grupos especiais precisam de uma atenção especial. Tem outro candidato entre nós aqui que ameaçou acabar com a secretaria que existe de atenção ao segmento de pessoas com deficiência. Isso é um retrocesso, uma insensibilidade.”
Nacionalização. Na estratégia de nacionalizar o debate, Erundina mais uma vez tentou colar em Marta a gestão do presidente Michel Temer. “O presidente ilegítimo, o seu presidente, editou uma medida provisória modificando o ensino médio no País, alternando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Isso mediante uma medida provisória, sem nenhum debate. O que acha?”
Marta fez uma defesa discreta de Temer, mas criticou a medida de forma pontual. Nas últimas semanas, a campanha da senadora identificou que a estratégia do PT de colar nela a administração federal surtiu efeito. “Acredito que podia ser mais debatido popularmente. Em linhas gerais é uma medida interessante porque diminui o número de cadeiras que os alunos vão ter acesso.” Erundina seguiu batendo na mesma tecla e reclamou da extinção de disciplinas como Sociologia, Filosofia, Artes, Educação Física. “Isso vai empobrecer o ensino.”
A senadora então recuou e gaguejou na resposta. “Concordo com parte do que você colocou. Várias coisas que foram eliminadas vão ter de ser repensadas.”
Em outro momento, a senadora disse que a culpa da crise não é de Temer, mas de Dilma.
‘Lobista’. O ataque mais contundente foi de Erundina contra Doria. A ex-prefeita o chamou de “lobista” e lembrou que ele recebe dinheiro público para suas atividades empresariais. “Lamentavelmente a sua ação lobista se serve basicamente de recursos públicos”, disse a candidata do PSOL.
O avanço obrigou Doria a ir para a defensiva e explicar que suas empresas recebem até 12% de dinheiro público. “Respeito muito sua biografia mas ela é diferente da sua. Sou empresário, sou gestor, sou trabalhador. A minha é moderna, atual, transformadora”, respondeu o tucano.
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