• Para ministro, governo Dilma ‘suprimiu o maior dos direitos, o direito ao emprego’
Roberta Scrivano, Silvia Amorim - O Globo
-SÃO PAULO- O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, anunciou ontem que o governo decidiu mesmo deixar para o segundo semestre de 2017 o encaminhamento da proposta de reforma trabalhista ao Congresso Nacional. A afirmação, feita durante sua apresentação em um seminário sobre o tema, confirma informação antecipada pelo site do GLOBO na última quinta-feira.
— Essa questão é complexa e precisa ter ampla participação de todos os setores. Dada a sua complexidade, a decisão do governo é deixar a modernização para o segundo semestre de 2017 — disse Nogueira, que, após as repercussões negativas ao governo de recentes declarações suas, limitou-se à leitura de um texto escrito, deixando o evento apressadamente sem falar com os jornalistas.
O ministro aproveitou sua fala para esclarecer o que chamou de “mal entendido” sobre declarações dadas por ele a respeito da mudança da jornada de trabalho. E garantiu “jamais ter defendido a suspensão de direitos ou o aumento da jornada diária”. E, para defender-se, atacou a ex-presidente Dilma Rousseff:
— Quem suprimiu o maior de todos os direitos, o direito ao emprego, foi o governo passado, ao produzir a maior taxa de desemprego em 31 anos.
O cuidado do ministro com as palavras, entretanto, não evitou novas reações negativas entre os aliados do presidente Michel Temer. Em um seminário, também em São Paulo, à tarde, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), criticou Nogueira pela forma como ele vem conduzindo o debate sobre a reforma trabalhista.
“Falar pouco e produzir mais”
No cargo de presidente da República em exercício, Maia disparou que é “melhor falar pouco e produzir mais”, ao comentar a declaração de Nogueira sobre a decisão de adiar a reforma trabalhista para 2017.
— Hoje, o ministro do Trabalho diz que a reforma trabalhista vai ficar para o segundo semestre de 2017. Então ele não devia ter tratado dela, porque foram duas notícias ruins. Primeiro, a forma como comunicou antes (a reforma). Agora, é o anúncio (do recuo). Às vezes, é melhor falar pouco e produzir mais. Ajuda mais nosso país — afirmou, em um seminário organizado pelo Movimento Brasil Competitivo.
Maia garantiu que a Câmara pautará as reformas aos poucos, e foi aplaudido ao prometer que não colocará em votação qualquer projeto de lei sobre aumento de impostos.
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