O IBC-Br, calculado pelo BC, atingiu o maior nível desde dezembro de 2015; mudança em metodologia do IBGE ajudou no resultado
Fabrício de Castro | O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA A atividade econômica avançou pelo segundo mês consecutivo no Brasil, indicaram dados divulgados ontem pelo Banco Central. Favorecido por mudanças metodológicas no cálculo, o índice de atividade da instituição, o IBC-Br, subiu 1,31% em fevereiro ante o mês anterior, após ter registrado alta de 0,62% em janeiro. Com isso, o indicador atingiu 135,42 pontos, o maior nível desde dezembro de 2015.
Conhecido como “prévia do BC” para o Produto Interno Bruto (PIB), o IBC-Br serve como parâmetro para avaliar o ritmo da economia brasileira ao longo dos meses. O resultado de fevereiro, que ficou acima do que projetava o mercado financeiro (alta de 0,50%), foi bem recebido pelo governo. Durante evento em Brasília, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, destacou que “já há dados bastante otimistas em relação ao primeiro trimestre”.
Essa melhora da atividade medida pelo IBC-Br nos dois primeiros meses de 2017, no entanto, está em parte ligada a mudanças metodológicas feitas na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em suas pesquisas para os setores de varejo e serviços. As novas metodologias contribuíram para resultados mais favoráveis nos dados do instituto e nos do IBC-Br.
“Os números estão surpreendendo. Devemos ter um primeiro trimestre muito melhor que o previsto. Muito desse desempenho tem a ver com as revisões nas pesquisas de varejo e de serviços do IBGE”, disse o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa. A previsão atual da instituição é de que o PIB crescerá 0,2% de janeiro a março, mas esse número, de acordo com Rosa, tende a ser revisado para cima.
Para a economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara, os dados do IBC-Br de fevereiro reforçam a percepção de que o País sairá da recessão técnica no primeiro trimestre do ano, com crescimento de ao menos 0,2% e possibilidade de alta em torno de 0,5%. “O dado do IBC-Br de fevereiro veio muito bom, até melhor do que a PMC (Pesquisa Mensal de Comércio) e a PMS (Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE) tinham apontado, o que sinaliza que devemos ter um bom primeiro trimestre”, afirmou.
Mais pessimista, o economista Bruno Levy, da Tendências Consultoria Integrada, disse que o avanço da atividade em fevereiro reflete, em parte, ligeira melhora no consumo e, em maior grau, a mudança de metodologias no comércio e nos serviços. “O consumo e os serviços pararam de cair, mas continuam andando de lado. Esse aumento de 1,31% não reflete uma reversão de cenário”, defendeu.
Apesar da melhora em relação a janeiro, o IBC-Br de fevereiro apontou retração de 0,73% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado do primeiro bimestre, a queda é de 0,12% ante os dois primeiros meses de 2016. Os números do BC apontaram ainda que, nos 12 meses encerrados em fevereiro, a atividade econômica sofreu retração de 3,56%.
No trimestre encerrado em fevereiro deste ano, ante o trimestre imediatamente anterior (setembro a novembro de 2016), o IBC-Br apontou alta de 0,76%, na série com ajustes sazonais. Por outro lado, o indicador recuou 0,88% no trimestre de dezembro a fevereiro deste ano ante o período de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016./ Colaboraram Maria Regina Silva, Thaís Barcellos e Francisco Carlos de Assis
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