Protesto termina com 49 feridos; um manifestante levou um tiro no maxilar
Ao todo, nove ministérios foram depredados, 8 pessoas detidas. A corregedoria da PMDF abriu investigação para saber de onde partiu o tiro que atingiu o homem
Júlia Campos - Especial para o Correio
Mais de 40 mil pessoas se reuniram na Esplanada dos Ministérios na tarde desta quarta-feira (24/5), em protestos contra as reformas propostas pelo governo federal em tramitação no Congresso Nacional. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) e foram divulgados no final do dia, quando a cena de guerra montada no centro do poder já havia se dissolvido. Ao todo, 8 pessoas foram presas, 49 feridas e mais de 12 ocorrências de flagrantes registradas. Um dos casos mais graves foi de um homem, de identidade não divulgada, que levou um tiro de arma de fogo no maxilar. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) investiga de onde partiu este tiro, efetuado com uma arma letal, onde a regra é usar, apenas, armas de efeito moral, como tiros de borracha e spray de pimenta.
Em coletiva de imprensa, o coronel da PMDF Marcos Antônio Nunes disse que será instaurado um inquérito para saber de qual arma saiu o tiro que atingiu o homem. Porém, disse não ser possível precisar se o disparo foi feito por um militar ou um manifestante. Apenas afirmou que dois PMs, que já foram identificados, podem estar envolvidos na ocorrência.
"Eu tenho tenho 30 anos de polícia, na Esplanada, e nunca vi isso. Temos que averiguar como eles se sentiram, pois manifestação foi muita agressiva. Mas nenhum militar foi instruído a isso", disse o coronel.
Três incêndios foram registrados e oito ocorrência de depredações a bens públicos contabilizados. Um deles no andar térreo do prédio do Ministério da Agricultura. Os estragos não foram contabilizados, mas as imagens que circulam nas redes sociais retratam bem a destruição.
O corregedor geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Emilson Pereira Lins, diz que a perícia para saber o tamanho dos danos causados aos patrimônios públicos, locais e federais, deve ser iniciada já nesta quinta-feira (25/5). Só com o laudo em mãos será possível destinar o que é competência da Polícia Civil e da Federal. "Ficou muito claro o que aconteceu lá. A maioria das pessoas estavam dispostas a fazer bagunça, quebrar e ferir", defende o coronel Nunes, da PMDF.
Secretário de Segurança Pública do DF, Edval Novaes garante que as ações desta quarta já estavam previstas, mas repudiou o comportamento dos manifestantes. "A manifestação foi extremamente violenta e a polícia teve de intervir para evitar um mal maior", afirma.
Novaes admite que a determinação do presidente da República, Michel Temer, de convocar a Força Nacional para fazer a segurança na capital federal pegou toda a cúpula do setor na capital de surpresa. Porém, segundo ele, a decisão serve, apenas, para assegurar os prédios da Esplanada. "A PM é capaz de fazer a segurança pública do DF. A situação no país está complicada e os ânimos, acirrados. Parte das pessoas veio com violência", argumentou.
Mão dilacerada
Um dos manifestantes teve a mão dilacerada por um rojão e foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel Urbano (Samu). Segundo um segurança da Câmara dos Deputados, o rapaz teria pego o artefato e tentado lançá-lo contra policiais militares que atuavam na região, no momento da explosão. Levado ao Hospital de Base de Brasília (HBB), o jovem, teria sido identificado como Vitor Rodrigues Fregulia, de 21 anos, perdeu três dedos. Ele é estudante de física na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
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