Por Vandson Lima | Valor Econômico
BRASÍLIA - O PMDB quer definir até dia 27 a mudança do nome do partido para "Movimento Democrático Brasileiro", o MDB, retomando a sigla original. Para além da mudança cosmética, há uma tensa discussão posta sobre os rumos da legenda. Presidente em exercício, o senador Romero Jucá (RR), defendeu punições duras, e até expulsão, àqueles que discordem dos novos rumos que quer dar ao PMDB (ou MDB).
O senador Renan Calheiros (AL) deixou a reunião criticando tal postura. "O PMDB está adotando uma lógica do 'ame-o ou deixe-o'. Já tivemos tristes sentimentos com isso no passado", disse, lembrando o bordão utilizado pelo regime militar. Jucá não deixou por menos. "Espero que ele fique no 'ame-o'. Mas se for inevitável...".
Renan argumentou que o PMDB, por ser um partido muito grande, nunca teve uma postura fechada, sempre convivendo com várias correntes e opiniões. "O PMDB nunca foi um partido programático, sempre teve várias correntes. O presidente disse que, quem não concordar, que saia do partido. Suspender deputados e ameaçar senadores é uma coisa brutal. Essa Executiva é interina. Tenho a melhor relação com Romero, mas acho muito ruim ele se prestar a esse papel", disse. "Suspender Jarbas [Vasconcelos, deputado], que foi presidente do partido? Claramente querem fazer do partido um puxadinho do governo", atacou.
Para Jucá, "o problema é o estilo, de se ter agressividade, desrespeito [com as decisões do partido]. No caso da suspensão dos deputados, foi aprovado pela executiva por unanimidade". O PMDB também analisa uma representação no Conselho de Ética do partido para expulsar os senadores Roberto Requião (PR) e Kátia Abreu (TO). "Não tem decisão ainda. O Conselho de Ética vai definir. Depois, com o relatório, vai mandar para Executiva, que pode ouvir o diretório nacional. Há um longo caminho de discussão e direito de defesa", disse Jucá.
Sobre a mudança de nome, Jucá disse que o ofício já foi encaminhado ao TSE. A confirmação da alteração será feita em reunião da convenção nacional, dia 27. O presidente negou que se busque "esconder" a legenda, uma das mais implicadas pela Operação Lava-Jato. "O PMDB não está mudando de nome para se esconder. Estamos resgatando nossa memória histórica e retirando o último resquício da ditadura, que impôs esse "P" no MDB. As novas ações partidárias não são registradas como partido. No caso aqui [do Brasil], já tinham vários partidos querendo usar 'movimento', que nós já somos".
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