Por Marcelo Ribeiro e Raphael Di Cunto | Valor Econômico
BRASÍLIA - Por pelo menos mais três semanas a cúpula do DEM não dará sinais sobre qual candidatura à Presidência da República apoiará, caso o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), realmente desista de participar da corrida presidencial. Maia e aliados jantaram ontem com o pré-candidato do PDT ao comando do Palácio do Planalto, Ciro Gomes, mas tomará café da manhã hoje com o pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin.
Com o apoio de PP e Solidariedade, o partido presidido pelo prefeito de Salvador, ACM Neto decidiu que seguirá tocando conversas paralelas - o que inclui ainda o pré-candidato do Podemos, senador Alvaro Dias.
Entusiasta de uma aliança com o PSDB, caso Maia realmente deixe a disputa presidencial, o líder do DEM na Câmara, Rodrigo Garcia (SP) - cotado para compor a chapa encabeçada por João Doria, do PSDB, ao governo de São Paulo - afirmou que as conversas paralelas fazem parte da liturgia eleitoral e descartou que o martelo possa ser batido neste mês. Nos bastidores, caciques do DEM defendem que será necessária uma conversa objetiva com o nome escolhido para definir quais espaços serão ocupados pelo DEM no futuro governo, o que deve levar, segundo estimativas internas, no mínimo mais três semanas.
Com a ideia de adiar ao máximo a decisão final, o DEM pretende garantir o comando do Congresso na próxima legislatura, além de fortalecer palanques regionais, como no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em Goiás.
Ainda que mantenha interlocução com Ciro, Alckmin e Alvaro, Maia tem recebido dos aliados o diagnóstico de que apostar na aliança histórica com os tucanos ainda angaria mais simpatia entre os correligionários do que outras parcerias menos convencionais. A resistência de parte dos aliados a Alckmin está muito mais ligada ao desempenho pouco empolgante do ex-governador de São Paulo nas pesquisas mais recentes.
Ciro, por outro lado, criou outro mal-estar com o DEM na véspera do jantar, ao chamar o vereador Fernando Holiday de "capitãozinho do mato". A postura repercutiu ontem no plenário da Casa. Ignorando o flerte entre o DEM e o pedetista, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) foi à tribuna da Câmara e, utilizando o tempo de discurso do partido, chamou Ciro de caloteiro, "prostituta de partidos", racista e homofóbico.
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