Por Raphael Di Cunto | Valor Econômico
BRASÍLIA - Com dificuldade para atrair os partidos do Centrão para sua aliança, o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, tem rebatido que já está apalavrado com outras quatro legendas, o que lhe daria, de partida, 20% do tempo de propaganda eleitoral na TV e rádio. Dirigentes e parlamentares de PPS, PTB, PSD e PV, contudo, afirmam que, com a estagnação do tucano nas pesquisas e alta rejeição, essas composições não são tão certas.
No PPS, Alckmin tem apoio do presidente nacional, Roberto Freire, e do deputado federal Arnaldo Jardim (SP), um de seus ex-secretários no governo paulista, mas vários setores resistem à aliança e buscam alternativas. As mais citadas são repetir a coligação com Marina Silva (Rede) ou apoiar Alvaro Dias (Podemos).
Em março, Freire tentou aprovar no congresso nacional do partido um "indicativo" de apoio a Alckmin, mas essa sinalização acabou convertida apenas na autorização para "abertura do diálogo" com o presidenciável, segundo relatos de três deputados federais. Em 2010, o PPS rompeu com o PSDB para apoiar o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), que morreu durante a campanha eleitoral e tinha Marina de vice.
Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Alex Manente (SP) diz que Alckmin tem o "maior grupo de apoio organizado" dentro do partido, mas que não há favoritismo. "O que o diretório aprovou foi indicativo de discussão com ele, mas existem resistências que precisam ser superadas", afirmou. Já Freire rebate que o congresso aprovou, sim, a indicação de apoio. "Se tem alguém que não concorda com isso, é direito dele, que venha defender na convenção. Mas o PPS tem um indicativo", disse.
No PV, o presidente da legenda, José Luiz Penna, que foi secretário de Alckmin, defende que o ideal é a união das forças "do campo democrático" para evitar que os "extremos", os candidatos do PT e o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), disputem entre si o segundo turno. Mas há resistências de alguns diretórios estaduais e o foco da sigla, nesse momento, são as candidaturas para deputado federal para superar a cláusula de desempenho, que, se não for ultrapassada, deixará o partido sem recursos do fundo partidário a partir de 2019.
Penna espera a união desse campo, nos quais coloca como candidatos Alckmin, com quem tem conversas "pessoais", Alvaro Dias e Marina, mas diz que uma hipótese é não apoiar ninguém nacionalmente. "Se nosso ideal estratégico é candidatura de deputado federal, não havendo sinal forte de união nesse campo, vamos abrir para as regionais do partido apoiarem quem quiserem, naturalmente limitando o Bolsonaro fora", disse Penna.
Líder do PV na Câmara, a deputada Leandre Dal Ponte (PR) afirmou que vê mais qualidades no presidenciável do Podemos, que foi três vezes governador do seu Estado. "Ainda vamos discutir com o diretório nacional o que fazer, mas o Paraná não quer aderir à campanha do Alckmin", disse. Outro citado como entrave à composição com o PSDB é o ex-ministro de Meio Ambiente e deputado Sarney Filho (MA), que, regionalmente, preferiria a aliança com o PT do ex-presidente Lula, o que o parlamentar negou por meio de sua assessoria.
Presidente do PTB, Roberto Jefferson defende o apoio a Alckmin, mas há vários setores que questionam a aliança pelo fraco desempenho nas pesquisas. Líder da sigla na Câmara, o deputado Jovair Arantes (GO) elogia o tucano, dizendo que é um cidadão muito preparado, mas evita cravar a coligação nacional. "Quando conversamos, dois meses atrás, o Roberto faz menção [ao apoio], mas ficou por aí, vários integrantes da executiva pediram que ele aguardasse um pouco mais", afirmou.
O partido mais encaminhado dos quatro é o PSD. Presidente licenciado da sigla, o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, acertou-se com o ex-governador após anos de desavenças políticas e tem costurado regionalmente a aliança com o PSDB. Num dos maiores Estados, o Rio de Janeiro, o palanque de Alckmin pode ser o do PSD, com a candidatura do deputado Índio da Costa ao governo.
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